PIDE/DGS: ESTADO NOVO


Um roteiro da repressão exercida pela PIDE entre 1945 e 1974
A repressão dos tempos da ditadura não foi só a exercida pela PIDE.
 Também a polícia política que a antecedeu, a Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE) prendeu, torturou e matou muita gente. Só no campo do Tarrafal, em Cabo Verde, há notícia da morte de 32 homens entre 1936 e 1950.
 E no Portugal Continental daqueles tempos, há também notícia de 34 mortos, presos que, depois de torturados, iam parar aos hospitais e aí morriam. AÇORES Fortaleza de S. João Baptista, Angra do Heroísmo:
 Para lá eram enviados muitos presos políticos, ao tempo da PVDE. Ali morreram José António Alves, em 1945, o fotógrafo António Lourenço da Costa e Manuel Francisco da Silva, em 1941.
 José Duarte, preso no forte em 1934, acabou por morrer no hospital de Angra. Por lá passou também Bento Gonçalves, depois enviado para o Tarrafal, onde morreu em 1942.
 CABO VERDE Campo de concentração do Tarrafal (ilha de Santiago)
Oficialmente denominado Colónia Penal de Cabo Verde, era a mais temível prisão política do fascismo, conhecida como o "Campo da Morte Lenta". Foi ocupado por presos políticos portugueses até 1954.
 A maioria dos que sobreviveram ao paludismo e outras doenças, regressaram a Portugal em 1946, devido à amnistia de 1945.
 Foi recriado em 1961, e passou a chamar-se campo do Chão Bom, para onde eram enviados presos angolanos (107) e guineenses (109) em cumprimento de penas e de medidas de segurança.
 Em 1967 recebeu também presos cabo-verdianos.
 Hoje a memória da repressão está lá em duas lápides e, em Lisboa, no Mausoléu das Vítimas do Tarrafal no Alto de São João.
 GUINÉ Campo de trabalho da ilha das Galinhas, nos Bijagós: Chegou a albergar mais de cem presos. Em meados de 1969 foram transferidos do Tarrafal para ali 58 presos guineenses.
 ANGOLA
 1. Edifício-sede da PIDE em Luanda Os primeiros interrogatórios eram aí, embora muitos presos fossem também interrogados nas prisões e campos de concentração.
2.Campo de concentração de S. Nicolau Situava-se a 140 quilómetros de Moçamedes. Era constituído por três aldeamentos. Em 1966 já tinha entre 800 a 1200 presos. Foram para lá enviados ao abrigo de medidas administrativas e de internamento numa "colónia agrícola". Em 1972, havia 1123 presos. Há relatos de sepultados vivos.
 3. Cadeia de S. Paulo (Luanda) Em 1973, segundo a Cruz Vermelha Internacional, estavam lá 99 presos para interrogatórios, muitas vítimas de torturas.
 4. Fortaleza de S. Pedro da Barta (Luanda) Pedro Van Dunen, que ali esteve em 1961 disse ter visto num túnel montes de cadáveres a serem comidos por ratazanas. Em Maio desse ano, a polícia fuzilou 110 presos.
 5. Campo de concentração do Missombo Criado em 1961, situava-se no distrito de Cuando Cubango. Tinha quatro acampamentos e chegou a albergar 2500 presos, parte dos quais foram transferidos para S. Nicolau, em 1966, quando a PIDE temeu um ataque do MPLA para libertar os detidos. Um relato diz que um fugitivo recapturado foi banhado com água a ferver e depois de queimado posto como guarda-redes numa baliza até morrer.
 6. Colónia penal do Bié Recebeu, em 1960, 35 detidos. Em Angola houve ainda presos políticos no campo do Ambrizete, na cadeia do Cacuaco, na Cadeia Comarcã e na Casa de Reclusão Militar em Luanda. Em 1964, havia 675 desterrados na baía dos Tigres, em Moçâmedes, em Porto Alexandre e em Virei.
 MOÇAMBIQUE
 1. Vila Algarve, Maputo Era aí que se situava a sede da PIDE, para onde eram levados os presos para interrogatório. Daí seguiam para as prisões e campos ditos de "recuperação".
2. Cadeia da Machava Chamava-se Centro de Recuperação Político-Social. Era uma secção prisional da PIDE-DGS situada na vila da Machava, arredores da antiga Lourenço Marques. Ali morreram, no espaço de dois anos 61 pessoas, alegadamente por doença, segundo foi relatado à Cruz Vermelha Internacional em 1972, a quem a PIDE referir ainda "dois suicídios".
 3. Prisão de Sommerchild Era uma cadeia civil de Lourenço Marques que foi aberta a presos políticos. Por lá passaram também madeirenses em trânsito para a África do Sul.
 4. Campo de trabalho de Mabalane Ficava a 500 quilómetros de Lourenço Marques. Destinava-se a "populações pacíficas recuperadas".
 Segundo um relato, "em 1965 a PIDE vendeu à Polícia Judiciária 1008 presos para trabalharem nas plantações".
 5. Fortaleza do Ibo
 A população local teve de mudar a localização das casas, por causa desta prisão, onde terão morrido muitos presos. Em Moçambique houve ainda outros locais de encarceramento de presos políticos, Ponta Mahone, as prisões de Namuila, Quelimane, Beira e Tete.
 TIMOR Campos de concentração de Atauro e de Oe-Kussi-Ambeno: Eram os campos de "degredo". Na sequência de uma rebelião, no final dos anos 50, muitos presos foram transferidos para S. Nicolau, em Angola. Fonte: Público, 21 Agosto 2005.
Extinção da PIDE/DGS (Polícia de Informação e Defesa do Estado/Direcção-Geral de Segurança). Para garantir que todos “pensassem” de forma análoga à do governo, o Antigo Regime possuía uma polícia política desde 1945.
O seu objectivo era travar todos os possíveis movimentos contrários às políticas do regime.
Os que conspirassem contra o Estado Novo eram, na maioria das vezes, presos.
Com a Revolução de 25 de Abril de 1974, a PIDE/DGS foi extinta.


A maioria das fontes indica o seu nome como sendo João Guilherme, contudo a placa descerrada a 25 de Abril de 1980 designa-o por José Guilherme.
Cerco à rua António Maria Cardoso    
Os militares cercam a Rua António Maria Cardoso já depois do tiroteio mortal. Fotografia de Alfredo Cunha.

Ocupação da entrada da Rua António Maria Cardoso    
Ocupação da entrada da Rua António Maria Cardoso pelo Movimento das Forças Armadas, já depois do tiroteio. Fotografia de Alfredo Cunha.
                 
Negociação para a rendição da PIDE/DGS
Negociações para a rendição da PIDE/DGS, no dia 26 de Abril de 1974. Fotografia de Joaquim Lobo.
                         
Ocupação da sede nacional da PIDE/DGS, no dia 26 de Abril
Ocupação da sede nacional da PIDE/DGS na Rua António Maria Cardoso, no dia 26 de Abril de 1974. Fotografia de Alfredo Cunha.


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