Terça Feira
11 Março 1975
ATAQUE AO RALIS A 11 DE MARÇO DE 1975
No dia 11 de Março de 1975, tropas paraquedistas ligadas ao general Spínola, atacaram o Regimento de Artilharia Ligeira (RAL1), em Lisboa.
Depois de algumas horas de tensão, o golpe militar não foi por diante.
Os acontecimentos preservaram-se na memória dos portugueses, em parte, pelo trabalho da equipa de reportagem da RTP ao longo desse dia, com destaque para as entrevistas do jornalista Adelino Gomes.
Uma frase por dia “então mas vocês vêm ocupar uma Unidade por causa deste panfleto??” Dinis de Almeida
Cronologia do 11 de Março
“Madrugada
•António de Spínola conjuntamente com outros militares, em carros transportando armas, chega à Base Aérea nº 3 em Tancos. São recebidos pelo coronel Moura dos Santos comandante da Base.
8.30 horas
•Praças, sargentos e oficiais da Base Aérea nº 3 verificam que a instrução normal que deveria ter lugar ao princípio da manhã fora cancelada. Entretanto, no regimento de Caçadores pára-quedistas, o coronel Rafael Durão reúne os oficiais da unidade para lhes explicar a operação, alegando ter recebido ordens do Chefe de Estado Maior da Força Aérea (CEMFA).
10.30 horas
•O major Casa Nova Ferreira, comandante distrital da PSP de Lisboa, dá conhecimento do golpe a alguns oficiais daquela corporação.
11.45 horas
•Ataque aéreo, ao RAL 1 (que meses mais tarde passa a designar-se RALIS) por aviões da Base Aérea nº 3. Um morto (o soldado Joaquim Carvalho Luís), 15 feridos e largos danos nas instalações da Unidade.
12 horas
•Tropas pára-quedistas, do Regimento de Caçadores Pára-quedistas de Tancos, sob o comando do major Mensurado cercam o RAL 1.
•No Quartel do Carmo, oficiais no activo e da reserva, da GNR, comandados pelo major Freire Damião prendem o comandante geral general Pinto Ferreira, o comandante e outros militares fiéis ao MFA.
12.05 horas
•As forças do RAL 1, comandadas por Diniz de Almeida tomam posições de combate e ocupam prédios em frente do quartel. Entretanto o COPCON inicia a movimentação militar tendente a neutralizar o golpe e ocupa o Aeroporto de Lisboa.
12.45 horas
•No exterior do RAL 1 verifica-se um insólito diálogo entre o capitão Diniz de Almeida e o capitão pára-quedista Sebastião Martins acerca dos motivos do assalto: “Diniz de Almeida:
– porque é que o camarada não vem comigo ao COPCON? Reconhece ou não a autoridade do COPCON? o General Carlos Fabião, o Chefe do Estado Maior do Exército? Os nossos chefes deram-nos ordens contrárias…A si de atacar…a mim de me defender…Porque não deixamos que eles discutam o assunto? Sebastião Martins:
– As Forças Armadas não estão consigo. Diniz de Almeida: – Se assim for, não terei a mínima dúvida em me render à maioria. Mas, que eu saiba, o Exército está connosco, a Marinha está connosco, só vocês é que não. Sebastião Martins:
– Vamos ver. Vamos então esperar que os nossos chefes decidam.” Os dois comandantes, Coronel Mourisca do RAL 1 e Major Mensurado dos pára-quedistas deslocam-se ao Estado Maior da Força Aérea para esclarecer a situação e tentar um acordo, o que foi obtido pelas 14.30 horas.
A partir das 12.45 horas
•Primeiros apelos à mobilização popular por parte da Intersindical. Levantam-se as primeiras barricadas nas estradas de Vila Franca e Setúbal.
•Organizam-se piquetes de trabalhadores em locais estratégicos: Bancos, Emissora Nacional, etc.
•A população, em diversos pontos do país, acorre aos quartéis,colocando-se à disposição dos militares.
•É assaltada a casa de António de Spínola e as sedes do PDC e do CDS em Lisboa e do PPD no Porto.
13 horas
•A Emissora Nacional declara-se a «única voz autorizada» e passa a transmitir exclusivamente informações da 5ª Divisão do Estado Maior.
•O Rádio Clube Português é atacado e deixa de transmitir em onda média, de Lisboa. Continua a transmitir em frequência modulada e onda média do Porto.
13.30 h
•O Capitão Duran Clemente dá as primeiras informações aos microfones da Emissora Nacional. •Começa a transmitir, em ligação com a EM, a Estação Rádio da Madeira (protegida por forças do COPCON).
13.50 h
•A Rádio Renascença interrompe a sua greve, iniciada há 22 dias e começa a transmitir em simultâneo com o Rádio Clube Português. Entram também no ar Rádio Ribatejo, Rádio Alto Douro e Rádio Altitude.
14.40 h
•As forças pára-quedistas levantam cerco ao RAL 1. Confraternização de militares e civis.
•Ricardo Durão desloca-se com Salgueiro Maia a Tancos para dialogar com António de Spínola.
•O General Tavares Monteiro é mais tarde preso em Tancos pelos seus sargentos.
14.45 h
•A Emissora Nacional transmite o primeiro comunicado do gabinete do Primeiro-Ministro: “a aliança entre o Povo e as Forças Armadas demonstrará, agora como sempre, que a revolução é irreversível. “ 15 horas
•O Diário de Lisboa é o primeiro jornal a sair com a cobertura dos acontecimentos. Fará três edições. •O general Spínola admite o malogro do golpe. Entretanto, em Tancos, há hesitações por parte de sargentos e praças que desconfiam das ordens recebidas. O general Tavares Monteiro é mais tarde preso naquela unidade por soldados, sargentos e oficiais milicianos.
15.10 h
•A Rádio Televisão Portuguesa noticia brevemente os acontecimentos.
15.25 horas
•Entrevista com Otelo Saraiva de Carvalho na televisão: A situação está perfeitamente calma. Foi um exercício de fogos reais. Quanto aos responsáveis do sucedido eles serão exemplarmente castigados. As forças do exército no país, estão totalmente serenas e com o MFA.
16 horas
•Mensagem do Presidente da República: “que desta lamentável aventura saia mais uma vez reforçada a unidade Povo-MFA e que a população portuguesa dê mais uma vez ao mundo um exemplo da sua maturidade cívica”.
17 horas
•Rendem-se e libertam os oficiais detidos os elementos que se haviam revoltado no Quartel do Carmo. Quatro dos revoltosos (general Freire Damião, tenente-coronel Xavier de Brito, major Rosa Garoupa e tenente Gomes) pedem asilo político na Embaixada da RFA.
17.15 horas
•Discurso de improviso do Primeiro-Ministro: “Uma minoria de criminosos lançou homens das Forças Armadas contra as Forças Armadas, o que é o maior crime que hoje se pode perpretar em Portugal”.
17.30 h
•É transmitido novo comunicado da 5ª Divisão em que se faz “o ponto da situação militar no país regressado à normalidade”.
•O General Pinto Ferreira aparece à janela do Carmo, já livre, e reafirma depois a confiança nos seus homens que segundo ele «foram enganados».
17.45 h
•Mensagem do Ministro da Comunicação Social, Correia Jesuíno, à imprensa.
19 horas
•Quase todos os partidos convocam manifestações: PCP, PS, MES, FSP, MDP/CDE no Campo Pequeno. MRPP e UDP no Carmo.
•Segundo um telegrama da Agência France Presse, Spínola, acompanhado da mulher e de 15 oficiais chega à base aérea de Talavera La Real (Badajoz).
19.30 horas
•Em conferência de imprensa Otelo Saraiva de Carvalho afirma que os acontecimentos correspondem a “mais um assalto das forças contra-revolucionárias à jovem democracia portuguesa”. 20 horas
•Milhares de pessoas agitando bandeiras e gritando slogans em que predominam as palavras de ordem, “unidade” e “soldado amigo o povo está contigo” desfilam em Lisboa desde o Campo Pequeno até ao Rossio. Idênticas manifestações decorrem por todo o país.
21 horas
•Mensagem do Presidente da República em que dá a lista dos implicados. Entre eles figuram António de Spínola, Alpoim Calvão, António Ramos, Neto Portugal, Rosa Garoupa, Rafael Durão, Freire Damião, Tavres Monteiro e Xavier de Brito.
23.50 horas
•Reunião Extraordinária do MFA, durante toda a noite, em que tiveram assento, pela primeira vez, sargentos e praças dos três ramos das Forças Armadas.
Decide-se institucionalização do MFA; constituição do Conselho da Revolução (CR) e realização de eleições.
O comunicado emitido no final da reunião termina afirmando: “a assembleia reconheceu o valor e o espírito de sacrifício com que o RAL 1 suportou e reagiu ao intempestivo ataque de que foi vítima e manifestou a todo Povo Trabalhador Português, que dos seus locais de trabalho acorreu a tomar o seu lugar ao lado do Movimento das Forças Armadas, o seu reconhecimento de que na Revolução Portuguesa o Povo e o Movimento das Forças Armadas caminham unidos e firmes para o desenvolvimento e progresso social do país.
•Manifestação popular junto ao RAL 1 durante toda a noite.”
Fonte: Santos. B.S.; Cruzeiro, M. M.; Coimbra, M. N. (1997).
O pulsar da revolução: cronologia da revolução de 25 de Abril (1973/1976). Porto: Ed. Afrontamento.
Também aconteceu neste dia Realização da Assembleia do MFA
Nova lei do saneamento
Quarta Feira
12 Março 1975
FUGA DE SPÍNOLA PARA ESPANHA
Chegada de António Spínola à base aérea de Talavera, unidade militar de instrução a pilotos de caça, pertencente à força aérea espanhola, em Badajoz.
Depois da falhada tentativa de golpe de Estado, o antigo Presidente da República refugia-se em Espanha, com mais 17 pessoas, entre a sua família e oficiais.
Uma frase por dia Eu estava na minha secretaria sentadinho, pá, hum, a fazer as escalas de serviço, quando, de repente, ao lado da minha janela rebentou uma bomba de T6. Isso é que eu sei. “
Dinis de Almeida
Aconteceu neste dia
Reações partidárias ao 11 de Março
Manifestações de apoio ao MFA por todo o país
Fronteira com Espanha encerrada
Intervenção do Estado nas empresas
Domingo
15 Março 2015
OS ACONTECIMENTOS DO 11 DE MARÇO DE 1975
O ataque ao Regimento de Artilharia Ligeira 1 (RAL 1) por parte de tropas paraquedistas ligadas ao general Spínola não foi por diante, depois de conversações entre Dinis de Almeida, capitão das forças sitiadas e Sebastião Martins, capitão das forças sitiantes. Nesse mesmo dia, Spínola, seus familiares e outros oficias, refugiaram-se na unidade militar de Talavera, em Espanha.
Ainda durante o dia 11 desenvolveram-se por todo o país manifestações a condenar o golpe. No desenrolar dos acontecimentos, decorreu uma assembleia do MFA – “assembleia selvagem” – onde foi referida a aplicação da pena capital, hipótese aí recusada. Na mesma assembleia foi ainda decidida a institucionalização do movimento das forças armadas através da criação do Conselho da Revolução.
O 11 DE MARÇO, OU A CAMINHO DA REVOLUÇÃO SOCIALISTA
Na manhã de 11 de Março de 1975 Lisboa assistiu a inesperadas movimentações militares.
No meio de grande tensão, depois de um ataque aéreo surpresa ao Regimento de Artilharia Ligeira nº 1, Dinis de Almeida e Costa Correia estabeleceram um insólito diálogo com um oficial das forças para-quedistas sitiantes, transmitido pela televisão para todo o país. A indefinição e falta de clareza dos objetivos do ataque mostraram-se evidentes.
Os acontecimentos desse dia 11 de Março são sobejamente conhecidos: o ataque aéreo ao Regimento de Artilharia Ligeira nº 1 (levado acabo cerca das 11h45 por aviões da Base Aérea n.º 3), o cerco das tropas paraquedistas do Regimento de Caçadores Paraquedistas de Tancos ao Regimento de Artilharia Ligeira nº 1, a prisão do comandante-geral e outros oficiais da Guarda Nacional Republicana no Quartel do Carmo, as tentativas de Spínola de aliciar Jaime Neves, Almeida Bruno e outros a aderirem ao golpe, os apelos à mobilização popular da Intersindical, a organização de piquetes de trabalhadores junto de alguns Bancos e à Emissora Nacional, o ataque ao Rádio Clube Português em Porto Alto, etc.
Ao princípio da tarde a derrota de Spínola e dos seus apoiantes era evidente. Ao sentir que o golpe falhara, ao ver que a Escola Prática de Cavalaria não tinha saído, que os fuzileiros não intervinham, que o Regimento de Artilharia Ligeira nº 1 não fora tomado e que mesmo os revoltosos do Carmo se tinham rendido, Spínola foi aconselhado a retirar-se.
Num momento em que grande parte do pessoal da Base Aérea 3 se amotinava, Spínola e 15 oficiais escaparam, de helicóptero, para a base aérea de Talavera La Real em Badajoz, Espanha. Em Lisboa, realizam-se manifestações de condenação do golpe convocadas pelo PCP, PS, MES, FSP, MDP/CDE (no Campo Pequeno), MRPP e UDP (no Carmo).
Em relação a estes acontecimentos, importa tentar perceber as suas motivações e enunciar as suas consequências. Em primeiro lugar, as nacionalizações e a imediata institucionalização do MFA consubstanciada na criação do Conselho da Revolução.
Depois, a recomposição governamental, que se traduz na constituição de um novo executivo com vários elementos afetos ao primeiro-ministro Vasco Gonçalves.
Foi ainda neste clima que se deu um salto qualitativo no processo revolucionário e que se reiniciaram as conversações MFA-Partidos tendo em vista a celebração de uma Plataforma de Acordo Constitucional. Finalmente, apesar da oposição dos setores mais radicais, a garantia da realização das primeiras eleições, em 25 de Abril, passo fundamental para a génese da democracia portuguesa. Podemos dizer que, com o 11 de Março, as forças políticas e sociais que haviam constituído a base de apoio do general Spínola, agora com suporte interno mais alargado, que incluía grupos económicos e sociais que se sentiam ameaçados com os desenvolvimentos do processo político (especialmente pela crescente participação popular, pela influência dos militares do MFA considerados esquerdistas, e pela participação do Partido Comunista), contando com o apoio em Espanha de setores significativos do regime franquista, tentaram levar de novo Spínola ao poder e reverter a situação política portuguesa.
Queriam expurgá-la tanto da participação popular fora dos aparelhos políticos institucionais, acusando-a de anarquia e caos, como das anteriores medidas de redistribuição da riqueza, consideradas de inspiração comunista, assim como influenciar a última fase da descolonização, em particular de Angola.
Os acontecimentos do 11 de março e os que se seguiram durante o PREC até ao 25 de novembro de 1975 são o reflexo da diversidade dos projetos político nascidos, na sua maior parte, na oposição ao Estado Novo e também das contradições que já eram patentes desde o primeiro governo provisório, organizado tendo por base personalidades da oposição democrática tão diversas como as que procediam do MDP e das Comissões Democráticas Eleitorais; do Partido Socialista criado na Alemanha em 1973, herdeiro de uma longa tradição de luta e de resistência de organizações anteriores, mas sem uma significativa implantação no interior do país; do Partido Comunista Português, que assumira ao longo dos anos uma atitude frontal de combate ao fascismo e defendia um tipo de sociedade cujo modelo era a União Soviética; e também de um grupo de personalidades que haviam integrado a ala liberal da Assembleia Nacional.
Os militares, pelo seu lado, de acordo com o Programa do MFA, tinham limitado a sua participação política através da Junta de Salvação Nacional e do Conselho de Estado, mas foram alargando a sua ação, ora reclamados para a resolução de todo o tipo de conflitos do quotidiano, ora assumindo papéis ativos na condução política do processo.
Fonte: Instituto de História Contemporânea
Aconteceu neste fim de semana
Mudanças nas estruturas de poder
Manifestação de apoio às decisões tomadas pelo Conselho da Revolução
Nacionalização dos seguros
Reconhecimento de sindicatos na agricultura, pecuária e silvicultura
Comício do PRP-BR
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aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
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Ainda hoje o 11 de Março de 1975, é alvo de inúmera polémica: aqueles que o consideram como um golpe preparado pelas forças afetas ao General Spínola e que após o fracasso da manifestação da “Maioria Silenciosa”, sentem o país a guinarem à esquerda; aqueles que dizem que o golpe não passou de uma manobra provocada por forças de esquerda, tendentes a eliminarem o perigo de um movimento contra-revolucionário, que criasse em Portugal as condições necessárias para uma viragem à direita.
Entre o 28 de Setembro de 1974 e o 11 de Março de 1975,vemos Portugal e o MFA divididos em 2 correntes: a que lutavam pela criação de uma sociedade democrática de base parlamentar e a que pugnava pela revolução socialista de base popular, sob a alçada dos militares.
No início de Março de 1975, circulou por todo o país o boato de que o Partido Comunista Português e os militares mais radicais do COPCON e da 5ª Divisão, iriam proceder à eliminação de dezenas de militares e civis de direita, cujos nomes constavam duma lista tornada famosa: a “matança da Páscoa”.
Com base nestas informações (lembramos que em 2010/11/12 aquando da sua presença em atividades promovidas pelo NE25A,
Otelo Saraiva de Carvalho disse desconhecer a existência dessa lista), militares afetos ao general Spínola, no dia 11 de Março de 1975, levaram a efeito uma tentativa de golpe de estado.
No entanto, o movimento desencadeado por tropas pára-quedistas ficou-se pelo ataque ao RAL1, donde resultou uma vítima mortal e doze feridos, dos quais dois eram civis.
No seguimento dos acontecimentos do 11 de Março, Spínola e os oficiais implicados no golpe foram demitidos e fugiram para Espanha, deixando o caminho aberto aos sectores mais radicais do MFA.
A Junta de Salvação Nacional e o Conselho de Estado foram substituídos pelo Conselho da Revolução, que se manteve como órgão de soberania até 1982.
Foram então decretadas as nacionalizações da banca e dos seguros.
Em 11 de Março de 1975 a ocasião proporcionou-se com um golpe bem aproveitado, fazendo o mal e a caramunha contra um "golpista" Spínola que foi obrigado a fugir.
A revista Vida Mundial, três dias depois dava a capa ao "golpe da reacção que atirou a matar" ( morreu o soldado Luís, um pobre coitado que estava, pelos vistos, na casa de banho), assim:
A cronologia dos acontecimentos era contada e concluía assim, com a identificação dos "reaccionários" presos pelo COPCON, incluindo civis como os banqueiros Espírito Santo, Roquette e outros.
Fascistas e reaccionários foram os mimos que então lhes colaram.
Hoje, o que serão?
11 Março 1975
ATAQUE AO RALIS A 11 DE MARÇO DE 1975
No dia 11 de Março de 1975, tropas paraquedistas ligadas ao general Spínola, atacaram o Regimento de Artilharia Ligeira (RAL1), em Lisboa.
Depois de algumas horas de tensão, o golpe militar não foi por diante.
Os acontecimentos preservaram-se na memória dos portugueses, em parte, pelo trabalho da equipa de reportagem da RTP ao longo desse dia, com destaque para as entrevistas do jornalista Adelino Gomes.
Uma frase por dia “então mas vocês vêm ocupar uma Unidade por causa deste panfleto??” Dinis de Almeida
Cronologia do 11 de Março
“Madrugada
•António de Spínola conjuntamente com outros militares, em carros transportando armas, chega à Base Aérea nº 3 em Tancos. São recebidos pelo coronel Moura dos Santos comandante da Base.
8.30 horas
•Praças, sargentos e oficiais da Base Aérea nº 3 verificam que a instrução normal que deveria ter lugar ao princípio da manhã fora cancelada. Entretanto, no regimento de Caçadores pára-quedistas, o coronel Rafael Durão reúne os oficiais da unidade para lhes explicar a operação, alegando ter recebido ordens do Chefe de Estado Maior da Força Aérea (CEMFA).
10.30 horas
•O major Casa Nova Ferreira, comandante distrital da PSP de Lisboa, dá conhecimento do golpe a alguns oficiais daquela corporação.
11.45 horas
•Ataque aéreo, ao RAL 1 (que meses mais tarde passa a designar-se RALIS) por aviões da Base Aérea nº 3. Um morto (o soldado Joaquim Carvalho Luís), 15 feridos e largos danos nas instalações da Unidade.
12 horas
•Tropas pára-quedistas, do Regimento de Caçadores Pára-quedistas de Tancos, sob o comando do major Mensurado cercam o RAL 1.
•No Quartel do Carmo, oficiais no activo e da reserva, da GNR, comandados pelo major Freire Damião prendem o comandante geral general Pinto Ferreira, o comandante e outros militares fiéis ao MFA.
12.05 horas
•As forças do RAL 1, comandadas por Diniz de Almeida tomam posições de combate e ocupam prédios em frente do quartel. Entretanto o COPCON inicia a movimentação militar tendente a neutralizar o golpe e ocupa o Aeroporto de Lisboa.
12.45 horas
•No exterior do RAL 1 verifica-se um insólito diálogo entre o capitão Diniz de Almeida e o capitão pára-quedista Sebastião Martins acerca dos motivos do assalto: “Diniz de Almeida:
– porque é que o camarada não vem comigo ao COPCON? Reconhece ou não a autoridade do COPCON? o General Carlos Fabião, o Chefe do Estado Maior do Exército? Os nossos chefes deram-nos ordens contrárias…A si de atacar…a mim de me defender…Porque não deixamos que eles discutam o assunto? Sebastião Martins:
– As Forças Armadas não estão consigo. Diniz de Almeida: – Se assim for, não terei a mínima dúvida em me render à maioria. Mas, que eu saiba, o Exército está connosco, a Marinha está connosco, só vocês é que não. Sebastião Martins:
– Vamos ver. Vamos então esperar que os nossos chefes decidam.” Os dois comandantes, Coronel Mourisca do RAL 1 e Major Mensurado dos pára-quedistas deslocam-se ao Estado Maior da Força Aérea para esclarecer a situação e tentar um acordo, o que foi obtido pelas 14.30 horas.
A partir das 12.45 horas
•Primeiros apelos à mobilização popular por parte da Intersindical. Levantam-se as primeiras barricadas nas estradas de Vila Franca e Setúbal.
•Organizam-se piquetes de trabalhadores em locais estratégicos: Bancos, Emissora Nacional, etc.
•A população, em diversos pontos do país, acorre aos quartéis,colocando-se à disposição dos militares.
•É assaltada a casa de António de Spínola e as sedes do PDC e do CDS em Lisboa e do PPD no Porto.
13 horas
•A Emissora Nacional declara-se a «única voz autorizada» e passa a transmitir exclusivamente informações da 5ª Divisão do Estado Maior.
•O Rádio Clube Português é atacado e deixa de transmitir em onda média, de Lisboa. Continua a transmitir em frequência modulada e onda média do Porto.
13.30 h
•O Capitão Duran Clemente dá as primeiras informações aos microfones da Emissora Nacional. •Começa a transmitir, em ligação com a EM, a Estação Rádio da Madeira (protegida por forças do COPCON).
13.50 h
•A Rádio Renascença interrompe a sua greve, iniciada há 22 dias e começa a transmitir em simultâneo com o Rádio Clube Português. Entram também no ar Rádio Ribatejo, Rádio Alto Douro e Rádio Altitude.
14.40 h
•As forças pára-quedistas levantam cerco ao RAL 1. Confraternização de militares e civis.
•Ricardo Durão desloca-se com Salgueiro Maia a Tancos para dialogar com António de Spínola.
•O General Tavares Monteiro é mais tarde preso em Tancos pelos seus sargentos.
14.45 h
•A Emissora Nacional transmite o primeiro comunicado do gabinete do Primeiro-Ministro: “a aliança entre o Povo e as Forças Armadas demonstrará, agora como sempre, que a revolução é irreversível. “ 15 horas
•O Diário de Lisboa é o primeiro jornal a sair com a cobertura dos acontecimentos. Fará três edições. •O general Spínola admite o malogro do golpe. Entretanto, em Tancos, há hesitações por parte de sargentos e praças que desconfiam das ordens recebidas. O general Tavares Monteiro é mais tarde preso naquela unidade por soldados, sargentos e oficiais milicianos.
15.10 h
•A Rádio Televisão Portuguesa noticia brevemente os acontecimentos.
15.25 horas
•Entrevista com Otelo Saraiva de Carvalho na televisão: A situação está perfeitamente calma. Foi um exercício de fogos reais. Quanto aos responsáveis do sucedido eles serão exemplarmente castigados. As forças do exército no país, estão totalmente serenas e com o MFA.
16 horas
•Mensagem do Presidente da República: “que desta lamentável aventura saia mais uma vez reforçada a unidade Povo-MFA e que a população portuguesa dê mais uma vez ao mundo um exemplo da sua maturidade cívica”.
17 horas
•Rendem-se e libertam os oficiais detidos os elementos que se haviam revoltado no Quartel do Carmo. Quatro dos revoltosos (general Freire Damião, tenente-coronel Xavier de Brito, major Rosa Garoupa e tenente Gomes) pedem asilo político na Embaixada da RFA.
17.15 horas
•Discurso de improviso do Primeiro-Ministro: “Uma minoria de criminosos lançou homens das Forças Armadas contra as Forças Armadas, o que é o maior crime que hoje se pode perpretar em Portugal”.
17.30 h
•É transmitido novo comunicado da 5ª Divisão em que se faz “o ponto da situação militar no país regressado à normalidade”.
•O General Pinto Ferreira aparece à janela do Carmo, já livre, e reafirma depois a confiança nos seus homens que segundo ele «foram enganados».
17.45 h
•Mensagem do Ministro da Comunicação Social, Correia Jesuíno, à imprensa.
19 horas
•Quase todos os partidos convocam manifestações: PCP, PS, MES, FSP, MDP/CDE no Campo Pequeno. MRPP e UDP no Carmo.
•Segundo um telegrama da Agência France Presse, Spínola, acompanhado da mulher e de 15 oficiais chega à base aérea de Talavera La Real (Badajoz).
19.30 horas
•Em conferência de imprensa Otelo Saraiva de Carvalho afirma que os acontecimentos correspondem a “mais um assalto das forças contra-revolucionárias à jovem democracia portuguesa”. 20 horas
•Milhares de pessoas agitando bandeiras e gritando slogans em que predominam as palavras de ordem, “unidade” e “soldado amigo o povo está contigo” desfilam em Lisboa desde o Campo Pequeno até ao Rossio. Idênticas manifestações decorrem por todo o país.
21 horas
•Mensagem do Presidente da República em que dá a lista dos implicados. Entre eles figuram António de Spínola, Alpoim Calvão, António Ramos, Neto Portugal, Rosa Garoupa, Rafael Durão, Freire Damião, Tavres Monteiro e Xavier de Brito.
23.50 horas
•Reunião Extraordinária do MFA, durante toda a noite, em que tiveram assento, pela primeira vez, sargentos e praças dos três ramos das Forças Armadas.
Decide-se institucionalização do MFA; constituição do Conselho da Revolução (CR) e realização de eleições.
O comunicado emitido no final da reunião termina afirmando: “a assembleia reconheceu o valor e o espírito de sacrifício com que o RAL 1 suportou e reagiu ao intempestivo ataque de que foi vítima e manifestou a todo Povo Trabalhador Português, que dos seus locais de trabalho acorreu a tomar o seu lugar ao lado do Movimento das Forças Armadas, o seu reconhecimento de que na Revolução Portuguesa o Povo e o Movimento das Forças Armadas caminham unidos e firmes para o desenvolvimento e progresso social do país.
•Manifestação popular junto ao RAL 1 durante toda a noite.”
Fonte: Santos. B.S.; Cruzeiro, M. M.; Coimbra, M. N. (1997).
O pulsar da revolução: cronologia da revolução de 25 de Abril (1973/1976). Porto: Ed. Afrontamento.
Também aconteceu neste dia Realização da Assembleia do MFA
Nova lei do saneamento
Quarta Feira
12 Março 1975
FUGA DE SPÍNOLA PARA ESPANHA
Chegada de António Spínola à base aérea de Talavera, unidade militar de instrução a pilotos de caça, pertencente à força aérea espanhola, em Badajoz.
Depois da falhada tentativa de golpe de Estado, o antigo Presidente da República refugia-se em Espanha, com mais 17 pessoas, entre a sua família e oficiais.
Uma frase por dia Eu estava na minha secretaria sentadinho, pá, hum, a fazer as escalas de serviço, quando, de repente, ao lado da minha janela rebentou uma bomba de T6. Isso é que eu sei. “
Dinis de Almeida
Aconteceu neste dia
Reações partidárias ao 11 de Março
Manifestações de apoio ao MFA por todo o país
Fronteira com Espanha encerrada
Intervenção do Estado nas empresas
Domingo
15 Março 2015
OS ACONTECIMENTOS DO 11 DE MARÇO DE 1975
O ataque ao Regimento de Artilharia Ligeira 1 (RAL 1) por parte de tropas paraquedistas ligadas ao general Spínola não foi por diante, depois de conversações entre Dinis de Almeida, capitão das forças sitiadas e Sebastião Martins, capitão das forças sitiantes. Nesse mesmo dia, Spínola, seus familiares e outros oficias, refugiaram-se na unidade militar de Talavera, em Espanha.
Ainda durante o dia 11 desenvolveram-se por todo o país manifestações a condenar o golpe. No desenrolar dos acontecimentos, decorreu uma assembleia do MFA – “assembleia selvagem” – onde foi referida a aplicação da pena capital, hipótese aí recusada. Na mesma assembleia foi ainda decidida a institucionalização do movimento das forças armadas através da criação do Conselho da Revolução.
O 11 DE MARÇO, OU A CAMINHO DA REVOLUÇÃO SOCIALISTA
Na manhã de 11 de Março de 1975 Lisboa assistiu a inesperadas movimentações militares.
No meio de grande tensão, depois de um ataque aéreo surpresa ao Regimento de Artilharia Ligeira nº 1, Dinis de Almeida e Costa Correia estabeleceram um insólito diálogo com um oficial das forças para-quedistas sitiantes, transmitido pela televisão para todo o país. A indefinição e falta de clareza dos objetivos do ataque mostraram-se evidentes.
Os acontecimentos desse dia 11 de Março são sobejamente conhecidos: o ataque aéreo ao Regimento de Artilharia Ligeira nº 1 (levado acabo cerca das 11h45 por aviões da Base Aérea n.º 3), o cerco das tropas paraquedistas do Regimento de Caçadores Paraquedistas de Tancos ao Regimento de Artilharia Ligeira nº 1, a prisão do comandante-geral e outros oficiais da Guarda Nacional Republicana no Quartel do Carmo, as tentativas de Spínola de aliciar Jaime Neves, Almeida Bruno e outros a aderirem ao golpe, os apelos à mobilização popular da Intersindical, a organização de piquetes de trabalhadores junto de alguns Bancos e à Emissora Nacional, o ataque ao Rádio Clube Português em Porto Alto, etc.
Ao princípio da tarde a derrota de Spínola e dos seus apoiantes era evidente. Ao sentir que o golpe falhara, ao ver que a Escola Prática de Cavalaria não tinha saído, que os fuzileiros não intervinham, que o Regimento de Artilharia Ligeira nº 1 não fora tomado e que mesmo os revoltosos do Carmo se tinham rendido, Spínola foi aconselhado a retirar-se.
Num momento em que grande parte do pessoal da Base Aérea 3 se amotinava, Spínola e 15 oficiais escaparam, de helicóptero, para a base aérea de Talavera La Real em Badajoz, Espanha. Em Lisboa, realizam-se manifestações de condenação do golpe convocadas pelo PCP, PS, MES, FSP, MDP/CDE (no Campo Pequeno), MRPP e UDP (no Carmo).
Em relação a estes acontecimentos, importa tentar perceber as suas motivações e enunciar as suas consequências. Em primeiro lugar, as nacionalizações e a imediata institucionalização do MFA consubstanciada na criação do Conselho da Revolução.
Depois, a recomposição governamental, que se traduz na constituição de um novo executivo com vários elementos afetos ao primeiro-ministro Vasco Gonçalves.
Foi ainda neste clima que se deu um salto qualitativo no processo revolucionário e que se reiniciaram as conversações MFA-Partidos tendo em vista a celebração de uma Plataforma de Acordo Constitucional. Finalmente, apesar da oposição dos setores mais radicais, a garantia da realização das primeiras eleições, em 25 de Abril, passo fundamental para a génese da democracia portuguesa. Podemos dizer que, com o 11 de Março, as forças políticas e sociais que haviam constituído a base de apoio do general Spínola, agora com suporte interno mais alargado, que incluía grupos económicos e sociais que se sentiam ameaçados com os desenvolvimentos do processo político (especialmente pela crescente participação popular, pela influência dos militares do MFA considerados esquerdistas, e pela participação do Partido Comunista), contando com o apoio em Espanha de setores significativos do regime franquista, tentaram levar de novo Spínola ao poder e reverter a situação política portuguesa.
Queriam expurgá-la tanto da participação popular fora dos aparelhos políticos institucionais, acusando-a de anarquia e caos, como das anteriores medidas de redistribuição da riqueza, consideradas de inspiração comunista, assim como influenciar a última fase da descolonização, em particular de Angola.
Os acontecimentos do 11 de março e os que se seguiram durante o PREC até ao 25 de novembro de 1975 são o reflexo da diversidade dos projetos político nascidos, na sua maior parte, na oposição ao Estado Novo e também das contradições que já eram patentes desde o primeiro governo provisório, organizado tendo por base personalidades da oposição democrática tão diversas como as que procediam do MDP e das Comissões Democráticas Eleitorais; do Partido Socialista criado na Alemanha em 1973, herdeiro de uma longa tradição de luta e de resistência de organizações anteriores, mas sem uma significativa implantação no interior do país; do Partido Comunista Português, que assumira ao longo dos anos uma atitude frontal de combate ao fascismo e defendia um tipo de sociedade cujo modelo era a União Soviética; e também de um grupo de personalidades que haviam integrado a ala liberal da Assembleia Nacional.
Os militares, pelo seu lado, de acordo com o Programa do MFA, tinham limitado a sua participação política através da Junta de Salvação Nacional e do Conselho de Estado, mas foram alargando a sua ação, ora reclamados para a resolução de todo o tipo de conflitos do quotidiano, ora assumindo papéis ativos na condução política do processo.
Fonte: Instituto de História Contemporânea
Aconteceu neste fim de semana
Mudanças nas estruturas de poder
Manifestação de apoio às decisões tomadas pelo Conselho da Revolução
Nacionalização dos seguros
Reconhecimento de sindicatos na agricultura, pecuária e silvicultura
Comício do PRP-BR
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11 Março 1975
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Madrugada
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Começaram a afluir à Base Aérea nº3 (Tancos) viaturas com elementos
ligados ao movimento, incluindo António de Spínola. Reuniram-se em casa do
major Martins Rodrigues.
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8:00
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O coronel Moura dos Santos, comandante da Base, perante oficiais e
sargentos, fez um briefing explicando os objectivos políticos, alvos a
atingir e meios a utilizar. Os majores Mira Godinho e Neto Portugal e o
capitão Brogueira reuniram com os comandantes e pilotos, distribuindo as
missões que a cada uma cabia.
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8.30
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Os oficiais, sargentos e
praças da Base Aérea nº 3 foram informados de que a instrução normal do
princípio da manhã fora cancelada. Perto, no regimento de Caçadores
pára-quedistas, o coronel Rafael Durão reuniu os oficiais para lhes explicar
a operação, dizendo ter recebido ordens do CEMFA (Chefe de Estado Maior da
Força Aérea), o que não era verdade
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9:00
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Em Tancos, entrou em cena o general Spínola que, no seu estilo
grandiloquente, falou em nome da «pureza do processo de 25 de Abril», dizendo
que para evitar «a prostituição das Forças Armadas», era preciso dizer
“basta!” à escalada comunista. Enquanto o general perorava, na pista, aviões
T-6, helicópteros e helicanhões eram abastecidos e municiados.
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9:40
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Na Base Aérea nº 6 (Montijo) ,
o coronel Moura de Carvalho, comandante da base, colocou em estado de alerta
todos os meios aéreos.
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10.30
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O major Casanova Ferreira, comandante distrital da PSP de Lisboa, deu
conhecimento do golpe a alguns oficiais daquela corporação.
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10:45
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De Tancos, descolaram os seguintes aviões: dois T-6 armados com
metralhadoras e ninhos de foguetes anti-pessoal, pilotados pelo major Neto
Portugal e segundo-sargento Moreira, tendo como alvos, além do R. A. L. 1, as
antenas da R. T. P. e Forte do Alto do Duque; dez 10 Allouette III,
transportando um grupo de 40 pára-quedistas. Dois dos helicópteros estavam
armados com canhão, tendo como missão o bombardeamento do R.A.L.1. Eram
pilotados pelos major Zuquete e major Mira Godinho, aos canhões estavam os
alferes Oliveira e primeiro-cabo Carapeta. Na operação inseria-se o
lançamento sobre Lisboa de panfletos, missão que foi executada por dois dos
heli-transportadores, pilotados pelos capitão Oliveira e tenente Jacinto. Os
restantes heli-transportadores eram pilotados pelos alferes Chinita, alferes
Afonso, alferes Mendonça, segundo-sargento Ladeira, segundo-sargento Souto e
furriel Emaúz; três Noratlas com 120 pára-quedistas destinados a cercar o
R.A.L.1.- dois T-6 desarmados, com missão de intimidação. Eram pilotados pelo
capitão Faria e alferes Melo, ambos da B.A.7 e em diligência na B.A.3.
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11:00
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O comandante da B.A.5 (Monte Real) o coronel Naia Velhinho, recebida
uma indicação vinda de Lisboa por via normal, colocou a base em estado de
prevenção rigorosa.
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11:15
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A B.A.6 (Montijo) entrou também em prevenção rigorosa.
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11:30
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Todas as Unidades da Força Aérea passaram a prevenção rigorosa. A
esta hora chegaram à B.A.5, num Aviocar vindo de Tancos, o coronel Orlando
Amaral e o tenente-coronel Quintanilha. Recebidos pelo comandante da Base, e
na presença dos majores Simões e Ayala, enunciaram os tópicos da operação.
Invocando o general Spínola, pediram a Velhinho que enviasse aviões F-86F
para fazer passagens baixas de intimidação sobre o RAL1, a Avenida da
Liberdade e o quartel-general do COPCON. Desconfiado, o comandante telefonou
CEMFA, não obtendo resposta conclusiva. Entretanto o major Simões fez um
briefing com os pilotos da esquadra dos F-86F, repetindo o que escutara no
gabinete do comandante da base. Alguns oficiais manifestaram-se imediata e
abertamente contra, recusando-se a aderir àquilo que, desde logo, configurava
um golpe de direita.
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11:45
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Chegaram à B.A.3, de helicóptero, o brigadeiro Lemos Ferreira e o
tenente-coronel Sacramento Marques, delegados do C.E.M.F.A. e C.E.M.E.,
procurando esclarecer a situação.
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11:45,/11:50
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O RAL.1 começou a ser atacado pelos T6 da Base Aérea nº 3, sendo
atingidas as casernas dos soldados e os principais edifícios do
aquartelamento. Morreu o soldado Joaquim Carvalho Luís e houve 15 feridos e
muitos estragos nas instalações da unidade. Neste, ataque foram consumidas
220 munições de metralhadoras calibre 7,7mm e 99 foguetes Sneb 37mm
anti-pessoal dos T-6 e 318 munições de MG-151 de 20mm dos helicanhões
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11:50
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Na base do Montijo aterraram dois helicópteros Alouette III, estando
um armado. O héli desarmado aterrou numa das ruas de acesso à placa, tendo
deixado um pára-quedista ferido e cujo piloto, o alferes Chinita, também
ferido, viria a ser recuperado pelo heli-canhão uns metros mais à frente.
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12:00
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Tropas pára-quedistas, do Regimento de Pára-quedistas de Tancos, sob
o comando do major Mensurado cercaram o RAL 1. À mesma hora o COPCON iniciara
a movimentação para neutralizar o golpe, ocupando o Aeroporto e encerrando-o
ao tráfego civil No Quartel do Carmo, oficiais da G.N.R. no activo e outros
afastados do serviço, comandados pelo major Freire Damião, prenderam o
comandante-geral e outros oficiais fiéis ao MFA.
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12:05
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As forças do RAL 1, comandadas pelo capitão Diniz de Almeida, tomaram
posições de combate e estabeleceram um perímetro de segurança, ocupando
prédios em frente do quartel.
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12:20
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Da Base de Tancos descolaram três helicópteros Allouette, com 12
elementos para sabotar as antenas do Rádio Clube Português, em Porto Alto. Um
deles estava armado com canhão, sendo pilotado pelo segundo-sargento Leitão,
tendo ao canhão o segundo-sargento Bernardo de Sousa Holstein. Os outros dois
eram pilotados pelo alferes Laurent e segundo-sargento Serra. A esta hora, da
Base do Montijo descolaram cinco helicópteros com destino a Tancos tendo um
deles levado o pára-quedista ferido ao Hospital da Força Aérea no Lumiar e
juntando-se aos outros na Chamusca.
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12.45
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No exterior do RAL 1 ocorreu o diálogo entre o capitão Diniz de
Almeida e o capitão pára-quedista Sebastião Martins gravado pelas câmaras da
RTP: “Diniz de Almeida: – porque é que o camarada não vem comigo ao COPCON?
Reconhece ou não a autoridade do COPCON? o General Carlos Fabião, o Chefe do
Estado Maior do Exército? Os nossos chefes deram-nos ordens contrárias…A si
de atacar…a mim de me defender…Porque não deixamos que eles discutam o
assunto? Sebastião Martins: – As Forças Armadas não estão consigo. Diniz de
Almeida: – Se assim for, não terei a mínima dúvida em me render à maioria.
Mas, que eu saiba, o Exército está connosco, a Marinha está connosco, só
vocês é que não. Sebastião Martins: – Vamos ver. Vamos então esperar que os
nossos chefes decidam.” Os dois comandantes, Coronel Mourisca do RAL 1 e
Major Mensurado dos pára-quedistas deslocam-se ao Estado Maior da Força Aérea
para esclarecer a situação e tentar um acordo, o que só foi obtido pelas
14.30 horas.
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12.45
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Lançados apelos à mobilização popular pela Intersindical.
Levantaram-se barricadas nas estradas de Vila Franca e Setúbal.
Organizaram-se piquetes de trabalhadores em locais estratégicos: Bancos,
Emissora Nacional, etc. A população, em diversos pontos do país, acorreu aos
quartéis, pedindo armas e colocando-se à disposição dos militares.
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12:50
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Começaram as reacções oficiais ao golpe. A 5.a Divisão emitiu um
comunicado a todas as Unidades do Exército, Armada, Força Aérea, G.N.R.,
P.S.P. e G.F.: “O COPCON, a Comissão Coordenadora do M.F.A. e a 5.a Divisão
do E.M.G.F.A. alertam todas as unidades para se colocarem em estado de
mobilização para destruir forças rebeldes contra-revolucionárias que neste
momento atacam unidades do M.F.A..” Este rádio foi seguido de outro
semelhante enviado para comandos militares das Ilhas Adjacentes e de África.
Vendo o golpe fracassar, Spínola tentou aliciar, pelo telefone, o major Jaime
Neves, comandante do Batalhão de Comandos nº 11. Este respondeu que só
obedeceria à hierarquia a que estava sujeito. O general ligou depois para o
tenente-coronel Almeida Bruno que se recusou a atender. Desesperado, ligou ao
tenente-coronel Ricardo Durão tentando obter deste e do capitão Salgueiro
Maia, a adesão da Escola Prática de Cavalaria. Durão e Maia não atenderam.
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13:00
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O RCP deixou de transmitir em onda média, de Lisboa, continuando a
emitir em frequência modulada e onda média do Porto. Um grupo de civis
armados, comandados por dois militares atacou o emissor, transportados em
dois helicópteros, seguindo num o major Silva Marques, António Simões de
Almeida, João Alarcão Carvalho Branco e José Carlos Champalimaud e no outro o
1°tenente Nuno Barbieri, José Maria Vilar Gomes, Eurico José Vilar Gomes,
António Ribeiro da Cunha e Miguel Champalimaud. Deste ataque resultou a
paralisação da emissão e a destruição de material. De Tancos descolaram T-6,
pilotados pelos segundo-sargento Gomes da Silva e furriel Falcão. Armados com
metralhadoras e ninhos de foguetes anti-pessoal tinham por missão o ataque ao
R.A.L.1. À mesma hora descolou um Allouette, armado com um canhão, pilotado
pelo alferes Jofre, com o alferes Figueiredo ao canhão tendo por missão o
ataque ao R.A.L.1. e outros possíveis objectivos.
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13:10
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A Emissora Nacional interrompeu a programação normal, passando a
transmitir do Centro de Esclarecimento de Informação Pública da 5.a Divisão,
emitindo comunicados aconselhando a população de Lisboa a manter-se calma e vigilante
em união com o M.F.A.
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13:20
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O major Rosa Garoupa ligou ao major Casanova Ferreira comandante da
P.S.P. de Lisboa, pedindo-lhe a ocupação da Rádio Renascença (em greve) e que
pusesse “no ar” os comunicados dos golpistas. O que não foi feito.
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13:22
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De Monte Real descolou a
primeira parelha de F-86F, comandada pelo major Ayala, a qual cumpriu a
missão que fora pedida ao coronel Velhinho, sendo os aviões alvejados no
COPCON.
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13:30
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Foi transmitido pelos estúdios de Lisboa da E.N. o primeiro
comunicado da 5.a Divisão lido pelo capitão Duran Clemente. Protegida por
forças do COPCON, a Rádio da Madeira começou a transmitir. De Tancos descolou
um helicóptero Allouette III para transportar o brigadeiro Morais, de Tomar
para a E.P.C. trazendo no regresso, além deste, o tenente-coronel Ricardo
Durão e o capitão Salgueiro Maia. Aterraram cinco helicópteros Allouette IIl,
vindos da B.A.6. Uma força da G.N.R. constituída por moto-blindados surgiu
junto do G.D.A.C.I., tentando desactivar a antena da R.T.P. em Monsanto.
Interceptada e intimada a retirar por forças do COPCON, obedeceu
imediatamente.
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13:50
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De Tancos descolou um
helicóptero Allouette III, pilotado pelo tenente-coronel Quintanilha,
acompanhado pelo major Cóias. Foram à B.A.5, seguidos por dois Aviocar com
pára-quedistas. Tentou forçar a neutralidade da base, ameaçando que os
pára-quedistas a ocupariam. Em seguida, quando alguns sargentos, alertados
por Lisboa, tentaram prender Quintanilha, este evadiu-se no helicóptero
seguido pelos Aviocar que se tinham mantido sobrevoando a base de Monte Real.
As três aeronaves regressaram a Tancos.
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14:00
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Em Monte Real, descolou a segunda parelha de F-86F, comandada pelo
capitão Calhau, o qual acabaria por sobrevoar os mesmos pontos de Lisboa da
primeira e a estrada Santarém-Lisboa. A ambas as parelhas foi dada ordem de
não abrir fogo. A Rádio Renascença interrompeu a greve iniciada 22 dias
antes, passando a transmitir em simultâneo com o RCP. A Rádio Ribatejo, a
Rádio Alto Douro e a Rádio Altitude, transmitem ao mesmo tempo.
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14:30
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De Tancos descolaram para
Lisboa dois T-6, armados com metralhadoras e ninhos de foguetes anti-pessoal,
pilotados pelo segundo-sargento Jordão e segundo-sargento Carvalho, tendo a
missão de ataque a objectivos não apurados. A mesma hora, descolaram dois
aviões Noratlas, transportando uma companhia de pára-quedistas (75 homens)
para Lisboa, para reforço da companhia anterior. Ainda à mesma hora,
descolaram dois aviões Aviocar, transportando 25 pára-quedistas para a B.A.5.
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14:40
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As forças pára-quedistas levantaram o cerco ao RAL 1. Militares e
civis confraternizaram. Ricardo Durão deslocou-se com Salgueiro Maia a Tancos
para dialogar com Spínola. O general admitiu o malogro do golpe.
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14:45
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A E.N. emitiu o primeiro comunicado do Gabinete do Primeiro-Ministro:
“Esclarece-se a população terem-se verificado hoje, de manhã, incidentes
envolvendo forças militares reaccionárias em tentativa desesperada de travar
o processo revolucionário Iniciado a 25 de Abril. Tais incidentes consistiram
numa tentativa de ocupação do R.A.L.1, envolvendo meios aéreos e terrestres.
A situação encontra-se sob controle, pelo que se apela para que a população
se mantenha calma, sem abrandar contudo a sua vigilância. A aliança entre o
Povo e as Forças Armadas demonstrará, agora como sempre, que a revolução é
irreversível”.
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15:00:
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Em Tancos descolou um Allouette III, armado com canhão, tendo como
missão o ataque às antenas da Emissora Nacional. Era pilotado pelo
segundo-sargento Souto e Silva e levava ao canhão o capitão Jordão. À mesma
hora, descolaram dois T-6, desarmados, pilotados pelo alferes Melo e alferes
Correia, com a missão de intimidação.
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O Diário de Lisboa foi o primeiro jornal a sair com a cobertura dos
acontecimentos. Faria três edições. Em Tancos, soldados e sargentos da B.A.3
amotinaram-se contra os conspiradores, atacando as viaturas civis utilizadas
pelos golpistas e encontrando armamento. O general Tavares Monteiro foi
depois preso naquela unidade por soldados, sargentos e oficiais milicianos.
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15:10:
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A Radiotelevisão Portuguesa noticiou a síntese dos acontecimentos.
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15:15
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Os pára-quedistas que atacaram o R.A.L.1 depuseram as armas, juntando-se
aos militares da unidade.
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15:30
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Em Tancos, descolaram dois aviões T-6, armados com metralhadoras e
ninhos de foguetes anti-pessoal, pilotados pelo segundo-sargento Brandão e
pelo furriel Bragança, para ataque a alvos não identificados..
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À mesma hora, descolaram dois Allouette III, um transportando para o
Regimento de Pára-quedistas o general Spínola e alguns elementos e outro
armado com canhão para protecção daquele oficial durante a sua permanência
naquela unidade. Eram pilotados pelo major Zuquete e major Godinho.
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15.25
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Entrevista com Otelo Saraiva de Carvalho na televisão: A situação
está perfeitamente calma. Os responsáveis do sucedido serão exemplarmente
castigados. As Forças Armadas, estão totalmente serenas e com o MFA.
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16:00:
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Mensagem do Presidente da República: “que desta lamentável aventura
saia mais uma vez reforçada a unidade Povo-MFA e que a população portuguesa
dê mais uma vez ao mundo um exemplo da sua maturidade cívica”.
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16:20
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De Tancos descolaram quatro Allouette III, um equipado com canhão,
protegendo os restantes e nos quais alguns militares efectuaram a evasão.
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17:00
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Renderam-se, libertando os oficiais detidos, os revoltosos do Carmo.
O general Freire Damião, o tenente-coronel Xavier de Brito, o major Rosa
Garoupa e o tenente Gomes, pediram asilo político na Embaixada da RFA.
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17:15
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Discurso de improviso do Primeiro-Ministro: “Uma minoria de
criminosos lançou homens das Forças Armadas contra as Forças Armadas, o que é
o maior crime que hoje se pode perpetrar em Portugal”.
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17:30
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Novo comunicado da 5ª Divisão
em que se fazia “o ponto da situação militar no país regressado à
normalidade”. O general Pinto Ferreira foi à janela do Carmo, já livre, e
reafirmou a confiança nos seus homens que, segundo ele, foram enganados».
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17:45
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Mensagem do Ministro da Comunicação Social, Correia Jesuíno, à
imprensa.
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19:00
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– (Badajoz) Spínola, acompanhado de sua mulher e de 15 oficiais,
chegou à Base Aérea de Talavera la Real (Badajoz), sede da “Ala 23”, unidade
de instrução de caça e ataque da força aérea espanhola, demonstrando algo que
se sabia – o regime de Franco estava disposto a apoiar uma revolta que
extinguisse as chamas da revolução portuguesa.
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19:30
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Em conferência de imprensa Otelo Saraiva de Carvalho afirmou que os
acontecimentos corresponderam a “mais um assalto das forças
contra-revolucionárias à jovem democracia portuguesa”.
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20:00
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Milhares de pessoas agitando bandeiras e gritando “unidade” e
“soldado amigo o povo está contigo” desfilaram em Lisboa, do Campo Pequeno ao
Rossio. Idênticas manifestações decorreram por todo o país.
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21:00
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Mensagem do Presidente da República, incluindo uma lista dos
implicados no golpe -António de Spínola, Alpoim Calvão, António Ramos, Neto
Portugal, Rosa Garoupa, Rafael Durão, Freire Damião, Tavares Monteiro e
Xavier de Brito e outros.
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23:50
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Realizou-se uma reunião Extraordinária do MFA, durante toda a noite.
Pela primeira vez participaram sargentos e praças dos três ramos das Forças
Armadas. Foi decidida a institucionalização do MFA, a constituição do
Conselho da Revolução (CR) e realização de eleições. No comunicado final
afirmava-se: “a assembleia reconheceu o valor e o espírito de sacrifício com
que o RAL 1 suportou e reagiu ao intempestivo ataque de que foi vítima e
manifestou a todo Povo Trabalhador Português, que dos seus locais de trabalho
acorreu a tomar o seu lugar ao lado do Movimento das Forças Armadas, o seu
reconhecimento de que na Revolução Portuguesa o Povo e o Movimento das Forças
Armadas caminham unidos e firmes para o desenvolvimento e progresso social do
país”.
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sssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssss
Entre o 28 de Setembro de 1974 e o 11 de Março de 1975,vemos Portugal e o MFA divididos em 2 correntes: a que lutavam pela criação de uma sociedade democrática de base parlamentar e a que pugnava pela revolução socialista de base popular, sob a alçada dos militares.
No início de Março de 1975, circulou por todo o país o boato de que o Partido Comunista Português e os militares mais radicais do COPCON e da 5ª Divisão, iriam proceder à eliminação de dezenas de militares e civis de direita, cujos nomes constavam duma lista tornada famosa: a “matança da Páscoa”.
Com base nestas informações (lembramos que em 2010/11/12 aquando da sua presença em atividades promovidas pelo NE25A,
Otelo Saraiva de Carvalho disse desconhecer a existência dessa lista), militares afetos ao general Spínola, no dia 11 de Março de 1975, levaram a efeito uma tentativa de golpe de estado.
No entanto, o movimento desencadeado por tropas pára-quedistas ficou-se pelo ataque ao RAL1, donde resultou uma vítima mortal e doze feridos, dos quais dois eram civis.
No seguimento dos acontecimentos do 11 de Março, Spínola e os oficiais implicados no golpe foram demitidos e fugiram para Espanha, deixando o caminho aberto aos sectores mais radicais do MFA.
A Junta de Salvação Nacional e o Conselho de Estado foram substituídos pelo Conselho da Revolução, que se manteve como órgão de soberania até 1982.
Foram então decretadas as nacionalizações da banca e dos seguros.
Em 11 de Março de 1975 a ocasião proporcionou-se com um golpe bem aproveitado, fazendo o mal e a caramunha contra um "golpista" Spínola que foi obrigado a fugir.
A revista Vida Mundial, três dias depois dava a capa ao "golpe da reacção que atirou a matar" ( morreu o soldado Luís, um pobre coitado que estava, pelos vistos, na casa de banho), assim:
A cronologia dos acontecimentos era contada e concluía assim, com a identificação dos "reaccionários" presos pelo COPCON, incluindo civis como os banqueiros Espírito Santo, Roquette e outros.
Fascistas e reaccionários foram os mimos que então lhes colaram.
Hoje, o que serão?
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