CANTORES DE INTERVENÇÃO






























































































































































































Resultado de imagem para adriano correia de oliveiraAdriano Correia de Oliveira
 Compositor e intérprete português, Adriano Maria Correia Gomes de Oliveira nasceu a 9 de abril de 1942, no Porto, e morreu a 16 de outubro de 1982, em Avintes. Fez, nesta freguesia de Vila Nova de Gaia, a instrução primária e lá se estreou no teatro amador, ajudando a fundar a União Académica do Porto.
Aos 17 anos ingressou no curso de Direito da Universidade de Coimbra. Não chegou a concluir o curso mas participou ativamente nas organizações estudantis, tendo sido solista no Grupo Universitário de Danças Regionais e no Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra (CITAC). 
Foi também guitarrista no Conjunto Ligeiro da Tuna Académica, que integrou juntamente com José Niza, Daniel Proença de Carvalho e Rui Ressurreição.
 É por esta altura que se aproxima do fado de Coimbra, privando com alguns dos músicos que ajudaram à transformação do tradicional fado coimbrão.
Desse núcleo de conhecimentos, fizeram parte José Afonso, António Portugal, Rui Pato, José Niza e António Bernardino.
O lançamento do primeiro EP Noite de Coimbra (1960) revelou algumas insuficiências a nível das letras, pelo que Adriano Correia de Oliveira optou por dedicar-se apenas à composição da parte musical e à vocalização, partindo de poemas escritos por autores como António Cabral, António Ferreira Guedes, Luís Andrade e Urbano Tavares Rodrigues.
Foi nesse espírito que nasceu o primeiro longa-duração do cantor, Fados de Coimbra (1963).
A esse sucedeu Adriano Correia de Oliveira, em 1967. 
No ano seguinte, o cantor deixa a cidade de Coimbra e parte para Lisboa, trabalhando no gabinete de imprensa da FIL e mantendo trabalhos de produção musical.
 Entre 1968 e 1971, é editada uma trilogia dedicada à poesia de Manuel Alegre, com os álbuns O Canto E As Armas, Cantaremos e Gente D'Aqui E De Agora.. 
Nesta trilogia, surgiram diversos temas assumidos como hinos de resistência à opressão do regime do Estado Novo.
O último álbum desta trilogia, editado em 1971, incluía um poema de Assis Pacheco (na contracapa) e um alinhamento de 11 canções, de onde se destacam temas como "O Senhor Morgado", "Cantar de Emigração" e "Como Hei de Amar Serenamente". A esta trilogia seguiu-se um hiato de quatro anos sem gravações, motivado pela recusa do cantor em submeter-se à Comissão de Censura.
O álbum Que Nunca Mais, editado em 1975, estava pronto antes do 25 de abril de 1974. Este registo valeu ao cantor o título de Artista do Ano, atribuído pela revista britânica Music Week.
Em 1979, depois de ter contribuído para a fundação da Cantabril, uma cooperativa de músicos ligados ao Partido Comunista Português, Adriano entra em rota de colisão com a Direção da cooperativa. É expulso, graças a uma dívida financeira, sendo que a cooperativa alegou também a inadaptação de Adriano à perspetiva mercantilista do mercado discográfico.
A sua saída teve a solidariedade de nomes como José Afonso, Luís Cília e Fausto. Morre em 1982, vítima de uma hemorragia no esófago. 
De entre os álbuns que gravou, destacam-se O Canto e as Armas (1969 com letras de Manuel Alegre), Que Nunca Mais (1975), Cantigas Portuguesas (1980) e Canção do Linho (1983).
Na memória ficaram canções como "Trova do Vento que Passa", "Canção com Lágrimas" e "Barcas Novas". A Movieplay editou, em 2001, a obra completa, em 7 CDs, acompanhada por um livro com as letras e poemas que foram musicados pelo cantor/compositor.


Trova do Vento que 

Passa

Adriano Correia de Oliveira

Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.
o vento nada me diz.
La-ra-lai-lai-lai-la, la-ra-lai-lai-lai-la, [Refrão]
La-ra-lai-lai-lai-la, la-ra-lai-lai-lai-la. [Bis]
Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.
Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.
[Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.
Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio -- é tudo o que tem
quem vive na servidão.
Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.
E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.
Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.
Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).
Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.
E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.
Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.
E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.
Quatro folhas tem o trevo
liberdade quatro sílabas.
Não sabem ler é verdade
aqueles pra quem eu escrevo.
Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.
Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.

BIOGRAFIA: ZECA AFONSO
 José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos nasceu a 2 de Agosto de 1929, em Aveiro, filho de José Nepomuceno Afonso, juiz, e de Maria das Dores Dantas Cerqueira, professora primária.
Em 1930 os pais foram para Angola, onde o pai tinha sido colocado como delegado do Procurador da República em Silva Porto. José Afonso permanece em Aveiro, na casa da Fonte das Cinco Bicas, por razões de saúde, confiado à tia Gegé e ao tio Xico, um «republicano anticlerical e anti-sidonista».
 Por insistência da mãe, em 1933 Zeca segue para Angola, com três anos e meio, no vapor Mouzinho, acompanhado por um tio advogado em lua-de-mel. Um missionário é a companhia de José Afonso que permanece três anos em Angola, onde inicia os estudos da instrução primária. Em 1936 regressa a Aveiro, para casa de umas tias pelo lado materno. Parte em 1937 para Moçambique ao encontro dos pais, com quem vive juntamente com os irmãos João e Mariazinha. 
Regressa a Portugal, em 1938, desta vez para casa do tio Filomeno, presidente da Câmara Municipal de Belmonte. Aqui conclui a quarta classe.
O tio, salazarista convicto, fá-lo envergar a farda da Mocidade Portuguesa. Vai para Coimbra em 1940 para prosseguir os estudos. É matriculado no Liceu D. João III e instala-se em casa da tia Avrilete, tia paterna que vivia à Av. Dias da Silva, actual nº112.
No liceu conhece António Portugal e Luiz Goes. A família parte de Moçambique para Timor, onde o pai vai exercer as funções de juiz. Mariazinha vai com eles, enquanto seu irmão João vem para Portugal. 
Com a ocupação de Timor pelos Japoneses, José Afonso fica sem notícias dos pais durante três anos, até ao final da II Guerra Mundial, em 1945. 
Nesse mesmo ano começa a cantar serenatas como «bicho», designação da praxe de Coimbra para os estudantes liceais (José Afonso andava no 5.º ano do liceu). Era conhecido como «bicho-cantor», o que lhe permitia não ser «rapado» pelas «trupes». 
Vida de boémia e fados tradicionais de Coimbra. De 1946 a 1948 completa o curso dos liceus, após dois chumbos.
Conhece Maria Amália de Oliveira, uma costureira de origem humilde, com quem vem a casar em segredo, por oposição dos pais. Faz viagens com o Orfeão e com a Tuna Académica.
 Joga futebol na Associação Académica de Coimbra.
Em 1949, dispensado do exame de aptidão à Universidade, inscreve-se no primeiro ano do curso de Ciências Histórico-Filosóficas da Faculdade de Letras.
Vai a Angola e Moçambique integrado numa comitiva do Orfeão Académico da Universidade de Coimbra. Em Janeiro de 1953 nasce-lhe o primeiro filho, José Manuel.
Dá explicações e faz revisão no Diário de Coimbra. São editados os seus primeiros discos.
Trata-se de dois discos de 78 rotações com fados de Coimbra, editados pela Alvorada, dos quais não existem hoje exemplares. Os dois discos foram gravados no Emissor Regional de Coimbra da Emissora Nacional.
e 1953 a 1955 cumpre, em Mafra, serviço militar obrigatório. Foi mobilizado para Macau, mas livrou-se por motivos de saúde.
Depois é colocado num quartel em Coimbra.
Tem grandes dificuldades económicas para sustentar a família, como refere em carta enviada aos pais em Moçambique.
A crise conjugal é muito sentida.
 Após o serviço militar, já com dois filhos, José Manuel e Helena (nascida em 1954), conclui em 1963 o curso na Faculdade de Letras de Coimbra com 11 valores com uma tese sobre Jean-Paul Sartre: «Implicações substancialistas na filosofia sartriana». Vai dar aulas num colégio privado em Mangualde de 6 de Janeiro a 30 de Setembro de 1957. 
Passa a, então, à condição de estudante voluntário da Universidade, inod com frequência a Coimbra, não só para fazer exames na Faculdade de Letras, mas por continuar a ser bastante solicitado para cantar em serenatas, espetáculos e digressões dos organismos autótomos. 
Inicia-se o processo de separação e posterior divórcio de Amália (1 de Junho de 1963). José Afonso manterá uma névoa de silêncio em redor desta sua experiência conjugal. Em 1956 é editado o seu primeiro EP, intitulado Fados de Coimbra.
 De 28 de Outubro de 1957 a 22 de Julho de 1958 foi professor provisório nas Escola Industrial e Comercial de Lagos. Por dificuldades económicas, em 1958 envia os dois filhos para Moçambique, para junto dos avós. Neste ano fica impressionado com a campanha eleitoral de Humberto Delgado. Digressão de um mês em Angola da Tuna Académica.
José Afonso é o vocalista do Conjunto Ligeiro. «Actuámos vestidos com umas largas blusas de cetim, cada uma de sua cor, imitando a orquestra de “mambos” de Perez Prado, o máximo da altura», conta José Niza.
A 4 de Dezembro de 1957, José Afonso actua em Paris, no Teatro “Champs Elysées” ao lado de Fernado Rolim, voz, António Portugal e David Leandro nas guitarras de Coimbra e Sousa Rafael e Levy Baptista nas violas.
De 7 de Outubro de 1958 a 18 de Julho de 1959 é professor provisório nas Escola Industrial e Comercial de Faro. Em 1959 começa a frequentar colectividades e a cantar regularmente em meios populares. Nos inícios do ano lectivo de 1959/60 é colocado por 10 dias num colégio em Aljustrel, transitando depois para a Escola Técnica de Alcobaça onde é professor provisório entre 3 de Outubro de 1959 e 30 de Julho de 1960.
 Em 1960 é editado o quarto disco de José Afonso. Trata-se de um EP para a Rapsódia, intitulado Balada do Outono. Em Agosto faz nova digressão com o orfeão Académico de Coimbra a Angola. Ainda em 1960 desloca-se a Paris e Genebra, onde grava com Fernado Rolim, voz, António Portugal e David Leandro nas guitarras de Coimbra e Sousa Rafael e Levy Baptista nas violas, onde naquela cidade helvética grava uma serenata para a Eurovisão. De 1961 a 1962 segue atentamente a crise estudantil deste último ano. Convive em Faro com Luiza Neto Jorge, António Barahona, António Ramos Rosa e Pité e namora com Zélia, natural da Fuzeta, que será a sua segunda mulher.
Em 1962 é editado o álbum Coimbra Orfeon of Portugal, pela Monitor, dos Estados Unidos, com «Minha Mãe» e «Balada Aleixo», onde José Afonso rompe definitivamente com o acompanhamento das guitarras. Nestas duas baladas é acompanhado exclusivamente à viola por José Niza e Durval Moreirinhas.
Realiza digressões pela Suíça e Alemanha onde gravam para a televisão e Suécia onde actua na Gala dos Reais Clubes Suecos, integrado num grupo de fados e guitarras, na companhia de Adriano Correia de Oliveira, José Niza, Jorge Godinho, Durval Moreirinhas e ainda da fadista lisboeta Esmeralda Amoedo.
 Em 1963 é editado outro EP de Baladas de Coimbra. Volta a ser professor provisório nas mesma escola em Faro, de 19 de Outubro de 1962 a 31 de Julho de 1963. Em Maio de 1964, José Afonso actua na Sociedade Musical Fraternidade Operária Grandolense, onde se inspira para fazer a canção «Grândola, Vila Morena», que viria a ser no dia 25 de Abril de 1974 a senha do Movimento das Forças Armadas (MFA) para o derrube do regime ditatorial. Nesse mesmo ano é editado o EP Cantares de José Afonso, o único para a Valentim de Carvalho. Também em 1964 é editado, pela Ofir, o álbum Baladas e Canções, que virá a ser reeditado em CD pela EMI em 1996. De 1964 a 1967, José Afonso encontra-se em Lourenço Marques com Zélia, onde reencontra os seus dois filho. Nos últimos dois anos, dá aulas na Beira. Aqui musicou Brecht na peça A Excepção e a Regra. Em Moçambique nasce a sua filha Joana (1965). Em 1967 regressa a Lisboa esgotado pelo sistema colonial. Deixa o filho mais velho, José Manuel, confiado aos avós em Moçambique. Colocado como professor em Setúbal, sofre uma grave crise de saúde que o leva a ser internado durante 20 dias na Casa de Saúde de Belas. 
Quando sai da clínica, tinha sido expulso do ensino oficial. É publicado o livro Cantares de José Afonso, pela Nova Realidade. 
O PCP convida-o a aderir ao partido, mas José Afonso recusa invocando a sua condição de classe. Assina contrato discográfico com a Orfeu, para quem grava mais de 70 por cento da sua obra. Expulso do ensino, em 1968 dedica-se a dar explicações e a cantar com mais assiduidade nas colectividades da Margem Sul, onde é nítida a influência do PCP. 
Pelo Natal, edita o álbum Cantares do Andarilho, com Rui Pato, primeiro disco para a Orfeu. 
O contrato é sui generis: contra o pagamento de uma mensalidade (15 contos), José Afonso é obrigado a gravar um álbum por ano.
Em 1969 a Primavera marcelista abre perspectivas de organização ao movimento sindical. José Afonso participa activamente neste movimento, assim como nas acções dos estudantes em Coimbra. Edita o álbum Contos Velhos Rumos Novos e o single «Menina, dos Olhos Tristes» que contém a canção popular «Canta Camarada». Recebe o prémio da Casa da Imprensa para o melhor disco, distinção que repete em 1970 e 1971.
Pela primeira vez num disco de José Afonso, aparecem outros instrumentos que não a viola ou a guitarra. Trata-se do último álbum com Rui Pato.
Nasce o último filho, o quarto, Pedro.
Em 1970 é editado o álbum Traz Outro Amigo Também, gravado em Londres, nos estúdios da Pye, o primeiro sem Rui Pato, impedido pela PIDE de viajar. Carlos Correia (Bóris), antigo músico de rock, dos Álamos e do Conjunto Universitário Hi-Fi, substitui Pato.
A 21 de Março, por unanimidade, a Casa de Imprensa atribui a José Afonso o Prémio de Honra pela «alta qualidade da sua obra artística como autor e intérprete e pela decisiva influência que exerce em todo o movimento de renovação da música ligeira portuguesa». Participa em Cuba num Festival Internacional de Música Popular.
Pelo Natal de 1971, é lançado o álbum Cantigas do Maio, gravado perto de Paris, nos estúdios de Herouville, um dos mais caros e afamados da Europa. 
O álbum é geralmente considerado o melhor disco de José Afonso. A editora Nova Realidade publica o livro Cantar de Novo. No ano de 1972 o álbum chama-se Eu Vou Ser Como a Toupeira, gravado em Madrid, nos Estúdios Cellada, com a participação de Benedicto, um cantor galego amigo de Zeca, e com o apoio dos Aguaviva, de Manolo Diaz. 
O livro, editado pela Paisagem, tem apenas o título de José Afonso. Em 1973 José Afonso continua a sua «peregrinação», cantando um pouco em todo o lado. Muitas sessões foram proibidas pela PIDE/DGS. Em Abril é preso e fica 20 dias em Caxias até finais de Maio. 
Na prisão política, escreve o poema «Era Um Redondo Vocábulo». 
Pelo Natal, publica o álbum Venham Mais Cinco, gravado em Paris, em que José Mário Branco volta a colaborar musicalmente. No tema-título, participa Janine de Waleyne, solista dos Swingle Singers, o melhor grupo vocal de jazz cantado da altura, na opinião de José Niza. 
A 29 de Março de 1974, o Coliseu, em Lisboa, enche-se para ouvir José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, José Jorge Letria, Manuel Freire, José Barata Moura, Fernando Tordo e outros, que terminam a sessão com «Grândola, Vila Morena». 
Militares do MFA estão entre a assistência e escolhem «Grândola» para senha da Revolução. 
Um mês depois dá-se o 25 de Abril. No dia do espectáculo, a censura avisara a Casa de Imprensa, organizadora do evento, de que eram proibidas as representações de «Venham Mais Cinco», «Menina dos Olhos Tristes», «A Morte Saiu à Rua» e «Gastão Era Perfeito». Curiosamente, a «Grândola» era autorizada. É editado o álbum Coro dos Tribunais, gravado em Londres, novamente na Pye, com arranjos e direcção musical, pela primeira vez, de Fausto.
São incluídas as canções brechtianas compostas em Moçambique no período entre 1964 e 1967, «Coro dos Tribunais» e «Eu Marchava de Dia e de Noite (Canta o Comerciante)». De 1974 a 1975 envolve-se directamento nos movimentos populares.
O PREC (Processo Revolucionário Em Curso) é a sua paixão.
Cantou no dia 11 de Março de 1975 no RALIS para os soldados.
Estabelece uma colaboração estreita com o movimento revolucionário LUAR, através do seu amigo Camilo Mortágua, dirigente da organização.
A LUAR edita o single «Viva o Poder Popular» com «Foi na Cidade do Sado» no lado B.
Em Itália, as organizações revolucionárias Lotta Continua, Il Manifesto e Vanguardia Operaria editam o álbum República, gravado em Roma a 30 de Setembro e 1 de Outubro, nos estúdios das Santini Edizioni. 
As receitas do disco destinavam-se a apoiar a Comissão de Trabalhadores do jornal República ou, caso o jornal fosse extinto, como foi, o Secretariado Provisório das Cooperativas Agrícolas de Alcoentre. 
Desconhecido em Portugal, o álbum inclui «Para Não Dizer Que Não Falei de Flores» (Geraldo Vandré), «Se os Teus Olhos se Vendessem», «Foi no Sábado Passado», «Canta Camarada», «Eu Hei-de Ir Colher Macela», «O Pão Que Sobra à Riqueza», «Os Vampiros», «Senhora do Almortão», «Letra para Um Hino» e «Ladainha do Arcebispo». Francisco Fanhais colaborou na gravação do disco, juntamente com músicos italianos.
Em 1976 apoia a candidatura presidencial de Otelo Saraiva de Carvalho, cérebro do 25 de Abril e ex-comandante do COPCON (Comando Operacional do Continente), apoio que reedita em 1980. 
Fase cronista de José Afonso, que publica o álbum Com as Minhas Tamanquinhas.
 O disco tem a surpreendente participação de Quim Barreiros.
 É, na opinião de José Niza, «um disco de combate e de denúncia, um grito de alma, um murro na mesa, sincero e exaltado, talvez exagerado se ouvido e lido ao fim de 20 anos, isto é, hoje».
É a «ressaca» do PREC. O álbum Enquanto Há Força, editado em 1978, de novo com Fausto, representa mais um exemplo da fase cronista do cantor, ligada às suas preocupações anti-colonistas e anti-imperialistas e à sua crítica mordaz à Igreja.
 Inclui as participações, entre outras, de Guilherme Inês, Carlos Zíngaro, Pedro Caldeira Cabral, Rão Kyao, Luís Duarte, Adriano Correia de Oliveira e Sérgio Godinho. 
Em 1979 é editado o álbum Fura Fura, com a colaboração musical de Júlio Pereira e dos Trovante.
O disco inclui oito temas de música para teatro, compostos para as peças Zé do Telhado, de A Barraca, e Guerra do Alecrim e Manjerona, da Comuna. 
Actua em Bruxelas no Festival da Contra-Eurovisão.
Em 1981, após dois anos de silêncio, regressa a Coimbra com o seu álbum Fados de Coimbra e Outras Canções.
Trata-se da mais bela versão do fado de Coimbra, interpretada por Zeca Afonso em homenagem a seu pai e a Edmundo Bettencourt, a quem o disco é dedicado. 
Actua em Paris, no Théatre de la Ville.
Em 1982 começam a conhecer-se os primeiros sintomas da doença do cantor, uma esclerose lateral amiotrófica.
Actua em Brouges no Festival de Printemps.
Em 29 de Janeiro de 1983 realiza-se o espectáculo no Coliseu com José Afonso já em dificuldades. Participam Octávio Sérgio, António Sérgio, Lopes de Almeida, Durval Moreirinhas, Rui Pato, Fausto, Júlio Pereira, Guilherme Inês, Rui Castro, Rui Júnior, Sérgio Mestre e Janita Salomé. 
É publicado o duplo álbum Ao Vivo no Coliseu. No Natal desse ano, sai Como Se Fora Seu Filho, um testamento político. Colaboração de Júlio Pereira, Janita Salomé, Fausto e José Mário Branco. Alinhamento: «Papuça», «Utopia», «A Nau de António Faria», «Canção da Paciência», «O País Vai de Carrinho», «Canarinho», «Eu Dizia», «Canção do Medo», «Verdade e Mentira» e «Altos Altentes».
 Algumas das canções foram escritas para a peça Fernão Mentes? do grupo de teatro A Barraca. Publicado o livro Textos e Canções, com a chancela Assírio e Alvim. Contra a sua vontade, é publicado pelo Foto Sonoro um maxi-single, Zeca em Coimbra, com um espectáculo dado por Zeca no Jardim da Sereia, na Lusa Atenas, a 27 de Maio.
A cidade de Coimbra atribui a José Afonso a Medalha de Ouro da cidade. «Obrigado Zeca, volta sempre, a casa é tua», disse-lhe o presidente da Câmara, Mendes Silva. «Não quero converter-me numa instituição, embora me sinta muito comovido e grato pela homenagem», respondeu José Afonso.
O Presidente da República, general Ramalho Eanes, atribui a José Afonso a Ordem da Liberdade, mas o cantor recusa-se a preencher o formulário. 
Em 1994, o Presidente da República Mário Soares tentou de novo condecorar, postumamente, José Afonso com a Ordem da Liberdade, mas a mulher, Zélia, recusou, alegando que se José Afonso não desejou a distinção em vida, também não seria após a sua morte que seria condecorado. 
Em 1983 José Afonso é reintegrado no ensino oficial, tendo sido destacado para dar aulas de História e de Português na Escola Preparatória de Azeitão. 
Tinha sido expulso em 1968. 
A doença, agrava-se. Em 1985 é editado o último álbum, Galinhas do Mato. José Afonso já não consegue cantar todos os temas, sendo substituído por Luís Represas («Agora»), Helena Vieira («Tu Gitana», Janita Salomé («Moda do Entrudo», «Tarkovsky» e «Alegria da Criação»), José Mário Branco («Década de Salomé», em dueto com Zeca), Né Ladeiras («Benditos») e Catarina e Marta Salomé («Galinhas do Mato»). 
Arranjos musicais de Júlio Pereira e Fausto. 
Outras canções do álbum: «Escandinávia Bar-Fuzeta» e «À Proa». 
Em 1986 apoia a candidatura presidencial de Maria de Lourdes Pintassilgo, católica progressista. José Afonso morreu no dia 23 de Fevereiro de 1987, no Hospital de Setúbal, às 3 horas da madrugada, vítima de esclerose lateral amiotrófica, diagnosticada em 1982. O funeral realizou-se no dia seguinte, com mais de 30 mil pessoas, da Escola Secundária de S. Julião para o cemitério da Senhora da Piedade, em Setúbal, onde a urna foi depositada às 17h30 na sepultura 1606 do quadro 19.
O funeral demorou duas horas a percorrer 1300 metros. 
Envolvida por um pano vermelho sem qualquer símbolo, como pedira, a urna foi transportada, entre outros, por Sérgio Godinho, Júlio Pereira, José Mário Branco, Luís Cília, Francisco Fanhais.
A Transmédia editou o triplo álbum, o primeiro da história discográfica portuguesa,
Agora e Sempre, duas semanas depois da morte do cantor. 
O triplo disco é constituído pelos álbuns
Como Se Fora Seu Filho (1983) e Galinhas do Mato (1985) e por um alinhamento diferente de Ao Vivo no Coliseu (1983). 
A 18 de Novembro é criada a Associação José Afonso com o objectivo de ajudar a realizar as ideias do compositor e intérprete no campo das Artes.


Fausto

Biografia
Fausto, nome artístico de Carlos Fausto Bordalo Gomes Dias nasceu em Vila Franca das Naves a 26 de Novembro de 1948 é um compositor e cantor português. 
Fausto. 
No âmbito do movimento associativo em Lisboa, aproximou-se de grandes nomes da musica portuguesa como José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Manuel Freire, juntamente com José Mário Branco ou Luís Cília, que viviam no exílio.
 Fausto é o cantor compositor de musica popular e de intervenção mais representativo a seguir a Zeca Afonso, o duplo album Por Este Rio a Cima é dos melhores trabalhos de sempre da musica portuguesa


Fausto: Apresentação -
Fausto é o cantor compositor de musica popular e de intervenção 
mais representativo a seguir a Zeca Afonso, 
o duplo album Por Este Rio a Cima é dos melhores 
trabalhos de sempre da musica portuguesa

" Luís Cília foi o primeiro cantor de intervenção que no exílio denunciou a guerra colonial e a falta de liberdade em Portugal. Gravando ininterruptamente a partir de 1964, realizou uma atividade musical, tanto discográfica como no que concerne à realização de recitais, tendo-se profissionalizado em 1967. Mas para além disso, Luís Cília, durante vários anos dedica-se ao estudo de harmonia e composição, o que é algo invulgar no universo dos cantores de intervenção. Esta formação musical fez de Luís Cília um dos mais respeitados compositores da atualidade, procurado pelas mais importantes instituições, nomeadamente desde que, nos anos 80, optou pela composição pura, o que aconteceu também, devido às muitas solicitações." Eduardo Raposo, in Canto de Intervenção 1960-1974, Lisboa,2000, p. 74



"Canto do Desertor" - Luís Cília
Guerra Colonial: Luís Cília, um dos primeiros músicos a denunciar o conflito
Luís Cília tinha 18 anos quando começou a guerra colonial, a 04 de Fevereiro de 1961. Cantava rock, era estudante em Lisboa e não sabia ainda que se tornaria num dos primeiros músicos a denunciar o conflito.
Em 1963 decidiu abandonar o país. E é um ano depois em Paris, num ambiente marcante ao lado de músicos, políticos e poetas, que Luís Cília grava numa tarde, à guitarra, o disco "Portugal-Angola: Chants de Lutte", no qual denuncia sem censuras a guerra colonial.
Outros músicos, como Adriano Correia de Oliveira e José Afonso, tinham já cantado contra a ditadura, o regime de Salazar, as perseguições e a censura, mas foi Luís Cília um dos primeiros a criticar abertamente o envio de tropas para África.
No LP, Luís Cília canta poemas de Daniel Filipe, nome crucial para o seu caminho na música, Manuel Alegre, José Gomes Ferreira ou António Borges Coelho, mas é da sua autoria a letra de "Canto do desertor", na qual canta: "Diz, oh mar, à minha mãe/que matar não me apraz/no fundo quem vai à guerra/é aquele que a não faz".

CANTO DO DESERTOR
Oh mar… oh mar…
Que beijas a terra,
Vai dizer à minha mãe
Que não vou p`rá guerra.

Diz, oh mar, à minha mãe,
Que matar não me apraz
No fundo quem vai à guerra
É aquele que a não faz.

Vou cantar a Liberdade,
Para a minha Pátria amada,
E para a Mãe negra e triste
Que vive acorrentada.

Mas a voz do nosso povo,
No dia do julgamento,
Te dirá a ti, oh mar.
E dirá de vento a vento,

Quem são os traidores,
Se é quem nos rouba o pão
Ou se nós os desertores
Que à guerra dizemos «Não».

Contra a censura, contra a Pide, contra a repressão, contra a guerra, não tínhamos outras armas: tínhamos a poesia, a canção, a guitarra. E foram elas que, de certo modo, na madrugada do 25 de Abril, floriram também nas armas libertadoras. [Manuel Alegre] * * * * * * A Poesia e a Música foram a chama que alimentou a esperança na liberdade, despertou consciências contra a guerra colonial e minou a ditadura Salazarista. O livro “Cantores de Abril” de Eduardo M. Raposo, presta homenagem aos Poetas e Cantores que fizeram os Cravos florir em Abril, mas também a todos os homens e mulheres que participaram voluntariosamente neste movimento que tanto contribuiu para a Revolução de 1974 – dirigentes estudantis, jornalistas, críticos, editores de rádio e de televisão. A sua ousadia foi paga muitas vezes com a prisão e quantas com a tortura, mas nada os demoveu e mantiveram a chama acesa até às “portas que Abril abriu”. Este movimento cultural deu um novo rumo à nossa história recente e em tempos de crise de valores éticos e de injustiças sociais que nos fazem lembrar tempos de antigamente, apetece voltar às canções do Zeca Afonso e do Adriano Correia de Oliveira. [Fernando Mão de Ferro]

Cantar Adriano
António Pedro Vicente e as suas paixões – a Liberdade, o Iberismo e a História
Benedicto, o músico que «levou» o Zeca a amar a Galiza
Eugénio Alves – o Jornalismo e a História
Fialho Gouveia e o «Zip-Zip»: «Mostrar um país escondido»
Francisco Fanhais, profeta da Liberdade
Francisco Naia – «Sou alentejano, poeta e cantor...»
João Paulo Guerra – «A Mosca» e o «nacional-cançonetismo»
José Barata Moura, o cantor e a cátedra
José Carlos de Vasconcelos, o jornalista dos sete «ofícios»
José Jorge Letria – no princípio era a música
José Mário Branco, um artífice da música portuguesa
José Niza, o militante da música
Luís Cília – contra a corrente
Manuel Alegre, poeta da Liberdade
Manuel Freire, trovador de sonhos
Mário Vieira de Carvalho – um percurso ao serviço da música
Paulo Sucena, um homem da palavra e da acção
Sérgio Godinho, o menino feiticeiro
Tino Flores, o irreverente
Zeca Afonso, um percurso, uma arte maior... a arte do Zeca

“Sei que estás em festa, pá. Fico contente e enquanto estou ausente guardo um cravo para mim. Eu queria estar na festa, pá. Com a tua gente e colher pessoalmente uma flor no teu jardim. Sei que há léguas a nos separar. Tanto mar, tanto mar. Sei também quanto é preciso, pá. Navegar, navegar. Lá faz primavera, pá. Cá estou doente. Manda urgentemente algum cheirinho de alecrim.”



Tanto Mar

Chico BuarqueResultado de imagem para chico buarque

Sei que está em festa, pá
Fico contente
E enquanto estou ausente
Guarda um cravo para mim
Eu queria estar na festa, pá
Com a tua gente
E colher pessoalmente
Uma flor no teu jardim
Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei, também, que é preciso, pá
Navegar, navegar


Lá faz primavera, pá
Cá estou doente
Manda urgentemente
Algum cheirinho de alecrim

Somos livres (Uma gaivota voava, voava)

Ontem apenas
fomos a voz sufocada
dum povo a dizer não quero;
fomos os bobos-do-rei
mastigando desespero.

Ontem apenas
fomos o povo a chorar
na sarjeta dos que, à força,
ultrajaram e venderam
esta terra, hoje nossa.

Uma gaivota voava, voava,
assas de vento,
coração de mar.
Como ela, somos livres,
somos livres de voar.

Uma papoila crescia, crescia,
grito vermelho
num campo qualquer.
Como ela somos livres,
somos livres de crescer.

Uma criança dizia, dizia
"quando for grande
não vou combater".
Como ela, somos livres,
somos livres de dizer.

Somos um povo que cerra fileiras,
parte à conquista
do pão e da paz.
Somos livres, somos livres,
não voltaremos atrás.
Ermelinda Duarte

Grândola, vila morena

Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade.

Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena.

Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade.

Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena.

À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira

Grândola a tua vontade

Jurei ter por companheira
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade

José Afonso (Zeca Afonso)


Após o 25 de Abril e com a instauração da democracia surgiram vários cantores que fizeram da canção uma arma de divulgação de ideias. Dos convites à luta para impor direitos até à reivindicação de direitos para os trabalhadores passando por textos pessoais ou de autores consagrados surge-nos de tudo um pouco. 
Destes cantautores muitos ficaram quase desconhecidos outros são nomes que vingaram no panorama da música nacional. Aqui fica uma lista de alguns desses nomes que nos tempos conturbados do PREC fizeram, como se disse atrás, da canção uma arma. 
Entre os mais conceituados e conhecidos temos Zeca Afonso, Adriano Correia de Oliveira, José Mário Branco, Sérgio Godinho, Vitorino, Pedro Barroso, Manuel Freire; menos conhecidos temos António Pedro Braga, Carlos Cunha, Fausto, Fausto, Francisco Fanhais, Francisco Naia, GAC - Vozes na Luta, Luís Cília, Sérgio O. Sá, Tino Flores, Vieira da Silva. Destes últimos nomes destaca-se Francisco Fanhais, que musicou poemas de Sebastião da Gama e Sophia como a “Cantata da Paz” 
(“Vemos ouvimos e lemos/ Não podemos ignorar”) ou “Porque” e a quem Zeca Afonso deixou a seguinte dedicatória: «Tu que cantas defronte de faces atentas e seguras, faz do teu canto uma funda. Nesse lugar, entre outras mãos mais fortes e mais duras, te estenderei a minha mão fraterna. Canta amigo!». 

 Cantata da paz 

Vemos, ouvimos e lemos 
Não podemos ignorar 
Vemos, ouvimos e lemos 
Não podemos ignorar 
 Vemos, ouvimos e lemos 
Relatórios da fome 
O caminho da injustiça 
A linguagem do terror
 A bomba de Hiroshima 
Vergonha de nós todos 
Reduziu a cinzas 
A carne das crianças 
 D'África e Vietname 
Sobe a lamentação 
Dos povos destruídos 
Dos povos destroçados 
Nada pode apagar 
O concerto dos gritos 
O nosso tempo é 
Pecado organizado 

(Sophia de Mello Breyner Andresen)

Pedro Barroso
 BIOGRAFIA
 Pedro Barroso (António Pedro da Silva Chora Barroso), nasceu em Lisboa, a 28 de Novembro 1950, mas foi para Riachos, concelho de Torres Novas (Ribatejo), com dias, apenas. Por causa do trabalho de seu pai (professor) voltaria a Lisboa. 
Já adulto, regressa a sua Riachos. 
 Em jeito de como tudo começou, o músico torrejano diz na primeira pessoa*: «Tinha aí uns 14-15 anos. Foi engraçadíssimo: um dia ouvi na rádio a Odette Saint Maurice a anunciar que aceitava jovens para fazer teatro radiofónico e não estive com meias medidas: apresentei-me nos estúdios de S. Marçal, ofereci-me, a senhora disse-me logo sim senhor, espera aí que mal acabe a gravação deste senhor vais fazer um teste e depois logo se vê. Aquele senhor era nem mais nem menos o Rui de Carvalho». 
E no que às canções diz respeito, foi em «Dezembro de 1969, no Zip-Zip (RTP) de Fialho Gouveia, Raul Solnado e Carlos Cruz. 
Eu andava no INEF e já fazia canções que falavam de coisas várias, entre as quais contra a guerra colonial. Fui convidado a ir ao programa e nunca mais parei. 
Aliás nessa primeira aparição pública, que teve grande impacto, aconteceu até uma coisa muito interessante e curiosa... Depois do ensaio, aí uns dez minutos antes do programa começar, o Zé Fialho chamou-me e disse-me com ar zangado ainda que pouco convincente: Oh pá, vocês são lixados, só inventam destas coisas, só escrevem contra a guerra colonial, não têm cuidado, e depois isto não passa, a censura corta e eu é que me lixo. Temos que ser mais inteligentes. Em três ou quatro minutos mudei uns versos - como na selva a lutar - a mensagem, pensava eu, continuava lá, ainda que mitigada, mas a verdade é que transformei uma canção de protesto em canção de amor... O Mário Castrim, no dia seguinte, deu-me uma grande porrada e fez a previsão que eu não iria aguentar muito tempo nestas lides. Enganou-se e isso deu-me muito gozo: fiquei, levei a música a sério e transformei a minha vida a partir daquele momento.» 
Grava o seu primeiro disco, «Trova-dor», em 1970.
Canta os seus grandes temas de sempre - a mulher, o amor, o mar, a natureza, a solidariedade, os tipos humanos, a portugalidade, a reflexão sobre a Vida... - Cantou até hoje em praticamente todo o território nacional e ainda em Espanha, França, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, Alemanha, Suiça, Suécia, Inglaterra, Canadá, Brasil, Hungria, Macau e Estados Unidos. Para celebrar o seu 35º aniversario de autor, poeta e compositor lança, em 2004, o CD «Navegador do Futuro», com actuações em Abrantes, Angra do Heroísmo, Barreiro, Benavente, Caldas da Rainha, Guarda, Leiria, Setúbal, Porto, Ponte de Lima, Riachos, Valença e Vila do Conde. Pedro Barroso também fez teatro: Fuenteovejuna, de Lope de Vega, Sotoba Komachi, de Yokiu Mishima e Breve Sumário da História de Deus, de Gil Vicente, com o José Jorge Letria. 
No Teatro Experimental de Cascais contracenou, entre outros, com actores como o Augusto Figueiredo, Santos Manuel, Zita Duarte, Mário Viegas, João Vasco e a própria Eunice Muñoz. 
Além do mais, escreveu poesia e canções, gravou, deu espectáculos em Portugal e por esse mundo fora, produz programas para rádio e televisão, foi professor efectivo no ensino secundário durante 23 anos. 
Em 1988 tira uma ssss post-graduação em Psicoterapia Comportamental, no Hospital Júlio de Matos, tendo trabalhado na área da Saúde mental e Musicoterapia durante alguns anos. Foi, neste campo, pioneiro no ensino de crianças surdas**, numa escola de Ensino especial em Lisboa. 
Como artista plástico amador, usa o heterónimo Pedro Chora e, como tal, tem exposto desenho e escultura em várias Galerias. Até hoje, recebeu vários prémios nacionais e internacionais, tais como o prémio para a melhor canção de 1987, «Menina dos Olhos d’Água». 
Pedro Barroso conta ainda com o Prémio Directíssimo (1987) e com o Troféu Karolinka (Festival Menschen und Meer, 1981).
A secretaria de Estado do Ambiente distinguiu o cantor, em 1988,com o Diploma de Mérito, Troféu Lusopress para o melhor compositor português (Paris, 1993), prémio Pedrada no Charco (Rádio Central FM Leiria, 1993), menção de Mérito Cultural do Município de Newark em 2003. 
Em 1994, a Casa do Ribatejo, em Lisboa, atribui-lhe o título de Ribatejano Ilustre. Considerado como um dos últimos trovadores de uma geração de coragem que ajudou pela canção a conquistar as liberdades democráticas para Portugal, Pedro Barroso - é inconfundível o tom grave da sua voz - continua a constituir-se como uma alternativa sempre diferente nos seus concertos, repletos de emoção e coloquialidade, como se de verdadeiros encontros de amigos se tratasse.
Tem publicado livros: Cantos Falados (Ed. Ulmeiro,1996), onde reúne muita poesia de canções suas, mas não só; Das Mulheres e do Mundo (Ed. Mirante, 2003), livro que reúne poemas escritos entre 1981 e 2003; A História Maravilhosa do País Bimbo (Ed. Calidum), livro em que aborda com sarcasmo e ironia alguns aspectos incompreensíveis de um país nunca identificado mas vagamente familiar. ____________
 * Sítio da S.P.A.. Entrevista executada por Ribeiro Cardoso.
 ** Na Alemanha já foram feitas, para surdos, sessões musicais de órgão. Estes, apesar de não ouvirem, sentem as vibrações que os instrumentos provocam nos soalhos de madeira e objectos ao redor. No exemplo da Alemanha, os surdos colocavam as palmas das mãos e a fronte no órgão.
 DISCOGRAFIA
 ● Trova-dor (EP, 1970)
● Breve Sumário Da História De Deus (EP, 1971)
● Lutas Velhas Canto Novo (LP, 1976)
● Água Mole Em Pedra Dura (LP, 1978) Reeditado em CD com o título «Cartas de Portugal», em 2000
● Quem Canta Seus Males Espanta (LP, 1980)
● Cantos à Terra Madre (LP, 1982) Também se encontra reeditado em CD.
● Do Lado De Cá De Mim (LP, 1983) Reeditado em CD em 2003
● Cantos Da Borda D' Água (LP, 1985) ● Colectânea (LP, 1986) ● Roupas De Pátria Roupas De Mulher (LP, 1987)
●Pedro Barroso (LP, 1988)
● Longe D'Aqui (LP/CD, 1990)
 ● Cantos D'Antiga Idade (CD, 1994)
● Cantos D' Oxalá (CD, 1996)
● O Melhor dos Melhores (Vol. 81) (CD, 1998)
 ● Criticamente (CD, 1999)
 ● Colecção Clássicos Da Renascença (Vol. 85) (CD, 2000)
 ● Crónicas Da Violentíssima Ternura (CD, 2001)
● De Viva Voz (CD, 2002) Registos ao vivo entre 1997 e 2002
● Navegador Do Futuro (CD, 2004)
 ● Antologia 1982-1990 (CD, 2005) Em caixa de duplo CD, com os mais relevantes temas das suas várias fases criativas – revista e remasterizada a partir das matrizes originais – registando os seus mais relevantes trabalhos realizados entre 1982 e 1990, onde avultam colaborações históricas com Mário Viegas e Sophia de Mello Breyner Andresen. Singles:
 ● 1º de Maio (1974)
 ● Canção Urgente (1975)
● Nova Canção de Lisboa (1979)
● Canção ao Rio Almonda (1980)

Pedro Barroso-Menina dos olhos d'água



Menina Dos Olhos De Água

Pedro Barroso

Menina em teu peito sinto o tejo
E vontades marinheiras de aproar
Menina em teus lábios sinto fontes
De água doce que corre sem parar
Menina em teus olhos vejo espelhos
E em teus cabelos nuvens de encantar
E em teu corpo inteiro sinto feno
Rijo e tenro que nem sei explicar
Se houver alguém que não goste
Não gaste, deixe ficar
Que eu só por mim quero te tanto
Que não vai haver menina para sobrar
Aprendi nos 'esteiros' com soeiro
E aprendi na 'fanga' com redol
Tenho no rio grande o mundo inteiro
E sinto o mundo inteiro no teu colo
Aprendi a amar a madrugada
Que desponta em mim quando sorris
És um rio cheio de água lavada
E dás rumo à fragata que escolhi
Se houver alguém que não goste
Não gaste, deixe ficar
Que eu só por mim quero te tanto
Que não vai haver menina para sobrar



GRUPO DE ACÇÃO CULTURAL – VOZES NA LUTA

GAC 


Para quem viveu o 25 de Abril, as vozes dos nossos cantores de intervenção continuarão sempre vivas como suaves e doces memórias dos tempos da Revolução. 
No entanto perdeu todo o sentido para quem nasceu depois. 
É necessário e um dever nosso continuar a ouvir e a recordar estes cantores, não apenas em efemérides, mas procurando corrigir a ausência de uma ponte de ligação à geração que se seguiu ao 25 de Abril, que alguém esqueceu de construir. Estas vozes continuam votadas ao esquecimento e a situação é bem mais grave que no período salazarista. Agora não é devido à censura mas sim a uma enorme ingratidão manifestada numa amnésia colectiva que precisamos combater. 
 O regresso ao baú das memórias trouxe à tona um grupo fundamental da música popular, tradicional, de intervenção ou apenas e sempre música portuguesa: 
G.A.C., Grupo de Acção Cultural – Vozes na Luta. Criado logo a seguir ao 25 de Abril de 74 com o intuito de intervir politicamente através da cultura, este é um projecto central da história da música portuguesa, não só pela conjuntura em que se inseria e que sempre orientou a lírica das suas canções mas também, quiçá mais importante, pelo papel desbravador que teve no desenvolvimento da música tradicional portuguesa moderna. 
 Projecto liderado inicialmente por José Mário Branco, integrou igualmente muitos outros nomes importantes, dos quais se destacam José Afonso, Luís Pedro Faro, Fausto, Adriano Correia de Oliveira, João Lóio, os Gaiteiros Carlos Guerreiro, Rui Vaz e Pedro Casaes, Eduardo Paes Mamede, João Lisboa, Nuno Ribeiro da Silva e mesmo José Niza e Manuel Alegre. entre muitos outros. 
 Com uma atitude objectivamente politizada, empenhada, centrada na luta anti-fascista e na defesa do povo e de uma vontade colectiva, contra tudo e todos, o G.A.C. sofreria dos mais variados percalços, fruto dos engasgos ideológicos pós 25 de Novembro em que o próprio país vivia mergulhado. Passados parte destes momentos conturbados, de fortes desavenças ideológicas internas, o grupo haveria de lançar “Pois Canté!!” em 1976 – “A Cantiga é Uma Arma”, "Alerta" ou "A Ronda do Soldadinho", muito mais ideológicos, haviam sido lançados anteriormente. O GAC editará ainda mais 2 LP's " Vira Bom" e "Ronda da Alegria" , na linha do anterior " Pois Canté!", recriando a música tradicional portuguesa. 
 “Pois Canté!!” é já fruto de um período marcado pela recolha de temas tradicionais aos quais o G.A.C. adicionava novas letras adequadas à situação e ao espectro ideológico em que o extenso grupo se movimentava. 
Este é um gigante momento da história da música portuguesa; é um grupo musicalmente excelente, inovador e candeia que iluminou parte do caminho trilhado por muitos dos grupos da música tradicional portuguesa que se lhe seguiram. 
 Em 1978 desaparecia um dos mais importantes grupos de música portuguesa, que contribuiu de forma decisiva (embora, por vezes, não se dê conta disso) para o desenvolvimento de uma estética musical baseada na criatividade e na inovação



Sérgio Godinho
 Autor, compositor e intérprete, Sérgio Godinho nasceu em 1945, no Porto. Aos 20 anos saiu do país, por se recusar a participar na Guerra Colonial. Durante o exílio, viveu em Genebra, Paris, Amesterdão, Brasil e Vancouver, tendo neste seu percurso integrado várias bandas. O seu primeiro LP, Os Sobreviventes, foi gravado em França, em 1971, e contou com a colaboração de músicos franceses e de José Mário Branco, então também radicado em França. Ainda no exílio, Sérgio Godinho gravou o álbum Pré-Histórias. 
Ambos os discos foram proibidos em Portugal pela censura. Regressou a Portugal após o 25 de abril de 1974 e tornou-se autor de canções célebres, como Com um Brilhozinho nos Olhos, O Primeiro Dia e É Terça-Feira. Em 1983, editou o álbum Coincidências, com a colaboração de alguns dos mais famosos músicos brasileiros - Chico Buarque de Hollanda, Ivan Lins e Milton Nascimento -, um acontecimento inédito no nosso país. Nos anos que se seguiram, gravou mais três álbuns de originais: Salão de Festas, Na Vida Real e Aos Amores. Este foi um período em que o cantor realizou inúmeros concertos no país e no estrangeiro. A sua carreira de artista passou então pelo teatro, ao participar na peça Quem pode, pode, de David Mamet, ao lado de José Wilker e de Alexandra Lencastre. 
 O regresso à música aconteceu em 1990, com o espetáculo retrospetivo Sérgio Godinho, Escritor de Canções, de que resultou um álbum com o mesmo nome. Artista multifacetado, Sérgio Godinho dedicou-se ao vídeo e ao cinema. Foi autor da série televisiva Luz na Sombra, em 1992, e realizou três curtas-metragens intituladas Ultimactos, produzidos pela RTP e exibidos em 1994. Escreveu a obra infanto-juvenil O Pequeno Livro dos Medos e ilustrou os textos do espetáculo A Queima do Judas. Voltou à música, em 1993, com o disco Tinta Permanente e com o espetáculo A Face Visível. Em 1995 editou Noites Passadas, um álbum gravado ao vivo em concertos realizados no Teatro S. Luís e no Coliseu de Lisboa. Foi distinguido com o Prémio Carreira Blitz '95. Em junho de 1997 editou o disco Domingo no Mundo, que conta com a participação de músicos e arranjadores como Kalú, João Aguardela, José Mário Branco, Jorge Constante Pereira, Tomás Pimentel, Manuel Faria e Rádio Macau. Fruto dos espetáculos ao vivo que tiveram lugar no Teatro Rivoli e no Ritz Clube, surgiu em 1998 o álbum Rivolitz, gravado ao vivo. Em 2000, chegou às lojas Lupa. O disco mostrou um Sérgio Godinho em grande forma, com produção de Hélder Gonçalves e Nuno Rafael. Os temas "Dancemos No Mundo" e "Bem-vindo Sr. Presidente" tornaram-se êxitos imediatos. Em novembro desse ano, o disco é apresentado ao vivo, em dois espetáculos no CCB (Lisboa) e um no Coliseu do Porto. O ano de 2001 marcou os 30 anos de carreira deste escritor de canções e ficou marcado pela edição de dois cd's. 
Biografias Do Amor, uma coletânea de canções de amor, e Afinidades, uma gravação de um espetáculo em conjunto com os Clã, foram ainda lançados nesse ano. Em 2003, o cantor recupera diversos temas do seu extenso repertório e convida alguns amigos para, juntamente com ele, protagonizarem novas versões dessas canções. 
Desse elenco de amigos fizeram parte, entre outros, Camané, Da Weasel, Jorge Palma, Gabriel o Pensador, Lenine, Caetano Veloso, Rui Veloso e Teresa Salgueiro. O trabalho foi intitulado O Irmão Do Meio. Ao longo da sua carreira tem recebido vários prémios e distinções pelos seus discos, músicas e poesia, como, por exemplo, o Prémio Carreira Blitz'95, dois Prémios da Casa da Imprensa para Melhor Disco Português do Ano por Os Sobreviventes e O Canto da Boca, o Se7e de Ouro para Melhor Cantor Português do Ano também por O Canto da Boca, o Prémio de Teatro Infantil da Secretaria de Estado da Cultura pela peça da sua autoria Eu, Tu, Ele, Nós, Vós, Eles, e o Prémio José Afonso atribuído pela Câmara Municipal da Amadora pelo disco Tinta Permanente.


José Mário Monteiro Guedes Branco mais conhecido por José Mário Branco é um músico e compositor português. Filho de professores primários, cresceu no Porto e iniciou o curso de História, na Universidade de Coimbra, não o terminando.


Biografia: Manuel Augusto Coentro de Pinho Freire

Manuel Augusto Coentro de Pinho Freire (n. Vagos, 25 de Abril de 1942) é um cantor português. Frequentou o ensino liceal em Ovar e Aveiro, chegando a estudar Engenharia, em Coimbra e no Porto, sem se licenciar.
Entrou no Teatro Experimental do Porto, em 1967, aceitando um convite de Fernando Gusmão, onde faz a sua primeira actuação a sério no domínio da canção. Entretanto estreava-se na música, com um EP que continha Dedicatória, Eles, Livre e Pedro Soldado, editado em 1968 pela Tecla. O cantor não escapou à censura, vindo a ser probido o EP com os temas Lutaremos meu amor, Trova, O sangue não dá flor e Trova do emigrante devido a O sangue não dá flor. É editado um single com os dois primeiros temas.
 Em 1969 aparece no programa Zip-Zip onde lança Pedra Filosofal, com poema de António Gedeão, que popularizou e cuja interpretação lhe valeu o Prémio da Imprensa desse ano, em conjunto com Fernando Tordo. 
Foi distinguido também com o Prémio Pozal Domingues.
No ano de 1971 foi editado o EP Dulcineia e o álbum Manuel Freire onde aparecem os temas dos primeiros EPs e onde musicou poemas de António Gedeão, José Gomes Ferreira, Fernando Assis Pacheco, Eduardo Olímpio, Sidónio Muralha e José Saramago.
 Em 1972 colaborou na banda sonora da longa-metragem de Alfredo Tropa, Pedro Só. 
Em 1973 lança o EP com os temas Abaixo D. Quixote, Pequenos deuses Caseiros, Menina Bexigosa e ouvindo bethoven.
 Ainda em 1973 participou no LP De Viva Voz de José Jorge Letria, gravado ao vivo também com a participação de José Afonso. A editora Zip-Zip lança em 1974 o LP Manuel Freire com os Eps e singles gravadps para aquela editora.
Em 1977 lança um single com os temas Que Faço Aqui e Um Dia da peça os emigrantes de Slawomir Mrozek para o Teatro Experimental do Porto. Recebeu a colaboração de Luís Cília no LP Devolta de 1978 editado pela Lamiré. Em 26 de Janeiro de 1979 revelava ao Diário de Lisboa que pretendia fazer um disco infantil. Em 1986, o disco lançado pela CGTP-IN, 100 Anos de Maio, inclui a sua música Cais das Tormentas. Em 1995 actuou na Festa do Avante numa homenagem a Adriano Correia de Oliveira, onde foi acompanhado pela Brigada Victor Jara. Lágrima de Preta foi incluído na compilação Sons de Todas as Cores, de 1997.
Colaborou ainda no disco Florestas Em Movimento, com Carlos Alberto Moniz, patrocinado pela Direcção Geral das Florestas, e na compilação 
Pelo sonho é que fomos.
O disco As Canções Possíveis onde canta a poesia de José Saramago, de Os Poemas Possíveis, foi editado em 1999 pela Editorial Caminho. Em 2003, no seguimento da contestação a Luiz Francisco Rebello, tornou-se presidente da Direcção da Sociedade Portuguesa de Autores, acumulando com as funções de administrador-delegado até 2007. 
Colaborou com José Jorge Letria e Vitorino num CD para crianças acerca da Revolução dos Cravos, intitulado Abril, Abrilzinho, que foi editado em 2006. 

 Biografia: José Carlos Ary dos Santos,
Resultado de imagem para ary dos santos Oriundo de uma família da alta burguesia, José Carlos Ary dos Santos, conhecido no meio social e literário por Ary dos Santos, nasceu em Lisboa a 7 de Dezembro de 1937.
 Aos catorze anos, a sua família publica-lhe alguns poemas, considerados maus pelo poeta. No entanto, Ary dos Santos revelaria verdadeiramente as suas qualidades poéticas em 1954, com dezasseis anos de idade. 
É nessa altura que vê os seus poemas serem seleccionados para a Antologia do Prémio Almeida Garrett. É então que Ary dos Santos abandona a casa da família, exercendo as mais variadas actividades para seu sustento económico, que passariam desde a venda de máquinas para pastilhas até à publicidade. 
Contudo, paralelamente, o poeta não cessa jamais de escrever e em 1963 dar-se -ia a sua estreia efectiva com a publicação do livro de poemas " A Liturgia do Sangue". Em 1969, ano que o próprio Ary dos Santos considerava ter marcado decisivamente a sua vida, inicia-se na actividade política ao filiar-se no PCP, participando de forma activa nas sessões de poesia do então intitulado "canto livre perseguido". Entretanto, concorre, sob pseudónimo, ao Festival da Canção da RTP com os poemas "Desfolhada"e "Tourada", obtendo os primeiros prémios. 
É aliás através deste campo –o da música que o poeta melhor se tornaria conhecido entre o grande público. Autor de mais de seiscentos poemas para canções, Ary dos Santos fez no meio muitos amigos. 
Gravou, ele próprio, textos ou poemas de e com muitos outros autores e intérpretes e ainda um duplo álbum contendo O Sermão de Santo António aos Peixes do Padre António Vieira. 
 À data da sua morte tinha em preparação um livro de poemas intitulado As Palavras das Cantigas, onde era seu propósito reunir os melhores poemas dos últimos quinze anos, e um outro intitulado Estrada da Luz - Rua da Saudade, que pretendia fosse uma autobiografia romanceada. 
 O poeta deixou-nos a 18 de Janeiro de 1984. Postumamente, o seu nome foi dado a um largo do Bairro de Alfama, descerrando-se uma lápide evocativa na casa da Rua da Saudade, onde viveu praticamente toda a sua vida. Ainda em 1984, foi lançada a obra VIII Sonetos de Ary dos Santos, com um estudo sobre o autor de Manuel Gusmão e planeamento gráfico de Rogério Ribeiro, no decorrer de uma sessão na Sociedade Portuguesa de Autores, da qual o autor era membro.
Regresso dos Exilados 1 Regresso de alguns cantores exilados, cantam Grândola Vila morena. Reconhecem-se, entre outros: Ary dos santos, José Jorge Letria, José Mário Branco, Luís Cília, Adriano Correia de Oliveira, José Duarte. Regresso dos Exilados 2 Regresso dos Exilados 3

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