As primeiras eleições livres em Portugal após o 25 de Abril geraram curiosidade em todo o mundo.
O DN assinalava os 600 jornalistas estrangeiros que foram credenciados para as acompanhar, sobretudo franceses, ingleses, americanos e espanhóis. Mas também de outros recantos, como Brasil, União Soviética, Japão, Austrália, Venezuela e África do Sul.
O jornal fez uma cobertura exaustiva das eleições no dia 25 de abril de 75, publicou resultados provisórios e definitivos e os principais títulos das vastas páginas dedicadas às eleições reforçavam a ideia de uma vitória do socialismo contra as “forças reacionárias”. O diretor era Luís de Barros, o diretor adjunto Longas filas para votar nas primeiras eleições verdadeiramente livres do País
Quarenta e oito anos de ditadura e uma jovem revolução explicam o número. Nas primeiras eleições livres após o 25 de Abril, nesse dia, 25 de abril de 1975, para a Assembleia Constituinte participaram mais de 90% dos eleitores. A vitória foi parar às mãos do PS de Mário Soares, a rondar os 38%, seguido do PPD de Sá Carneiro, com 26%. O PCP só chegou aos 12% e o CDS aos 7%. O MDP, com 4%, ainda conseguiu eleger cinco deputados.Pelo País inteiro o cenário foi o mesmo. O povo ocorreu em massa às eleições.
Muitos esperaram horas junto das assembleias de voto, sem que se tenham registado quaisquer distúrbios, num país ainda tutelado pelo Conselho da Revolução.
No boletim de voto, concorreram 14 forças políticas. No dia das eleições, o então Presidente da República, Costa Gomes, pedia ao eleitorado que escolhesse “partidos autênticos que não barram a via socialista”.
O partido que viu as expectativas mais defraudadas foi o PCP, que esperava uma votação muito mais dilatada e acabou em terceiro lugar. Ainda assim, os jornais titulavam “Venceu a aliança povo – MFA.
Confirmada a via socialista”.
Eleitos dos 250 deputados da Assembleia Constituinte – 116 do PS, 81 do PSD, 30 do PCP, 16 do CDS, 5 do MDP, 1 da UDP e 1 da Associação para a Defesa dos Interesses de Macau -, sentaram-se em São Bento figuras como Mário Soares, Sá Carneiro, Álvaro Cunhal, Freitas do Amaral e José Manuel Tengarrinha. Mas também outras como Carlos Mota Pinto, Francisco Pinto Balsemão, Helena Roseta e Marcelo Rebelo de Sousa na bancada do PSD; António Barreto, Carmelinda Pereira, Salgado Zenha, Manuel Alegre e Sophia de Mello Breyner na do PS; Jerónimo de Sousa, Miguel Urbano Tavares Rodrigues, Octávio Pato e Vital Moreira na do PCP; Adelino Amaro da Costa e Basílio Horta, na do CDS; José Manuel Tengarrinha, na do MDP, e Américo Duarte, na UDP. Estes deputados participaram nos trabalhos de elaboração da Constituição, concluídos a 2 de abril de 1976, data em que a Assembleia Constituinte foi dissolvida. Pelo meio ficaram debates memoráveis de uma período conturbado de consolidação da democracia, tão quentes quanto o verão daquele ano de 1975.
Do diário da Assembleia Constituinte, de uma sessão de 20 de novembro de 1975, é fácil perceber o calor político. Discursava o único deputado da UDP, Américo Duarte: “Se há alguma coisa de inovador, é vermos o primeiro-ministro mandar à merda dezenas e dezenas de milhares de trabalhadores.” E retorquiu o deputado do PPD Barbosa Gonçalves: “O que é que tu querias que ele dissesse quando tu e os teus lhe chamaram ditador, Pinochet e fascista?” Viviam-se os tempos do VI Governo Provisório, liderado por José Pinheiro de Azevedo.
PAULA SÁ
APURAMENTO DO RESULTADO DAS ELEIÇÕES NO DISTRITO DE BRAGANÇA
O DN assinalava os 600 jornalistas estrangeiros que foram credenciados para as acompanhar, sobretudo franceses, ingleses, americanos e espanhóis. Mas também de outros recantos, como Brasil, União Soviética, Japão, Austrália, Venezuela e África do Sul.
O jornal fez uma cobertura exaustiva das eleições no dia 25 de abril de 75, publicou resultados provisórios e definitivos e os principais títulos das vastas páginas dedicadas às eleições reforçavam a ideia de uma vitória do socialismo contra as “forças reacionárias”. O diretor era Luís de Barros, o diretor adjunto Longas filas para votar nas primeiras eleições verdadeiramente livres do País
Quarenta e oito anos de ditadura e uma jovem revolução explicam o número. Nas primeiras eleições livres após o 25 de Abril, nesse dia, 25 de abril de 1975, para a Assembleia Constituinte participaram mais de 90% dos eleitores. A vitória foi parar às mãos do PS de Mário Soares, a rondar os 38%, seguido do PPD de Sá Carneiro, com 26%. O PCP só chegou aos 12% e o CDS aos 7%. O MDP, com 4%, ainda conseguiu eleger cinco deputados.Pelo País inteiro o cenário foi o mesmo. O povo ocorreu em massa às eleições.
Muitos esperaram horas junto das assembleias de voto, sem que se tenham registado quaisquer distúrbios, num país ainda tutelado pelo Conselho da Revolução.
No boletim de voto, concorreram 14 forças políticas. No dia das eleições, o então Presidente da República, Costa Gomes, pedia ao eleitorado que escolhesse “partidos autênticos que não barram a via socialista”.
O partido que viu as expectativas mais defraudadas foi o PCP, que esperava uma votação muito mais dilatada e acabou em terceiro lugar. Ainda assim, os jornais titulavam “Venceu a aliança povo – MFA.
Confirmada a via socialista”.
Eleitos dos 250 deputados da Assembleia Constituinte – 116 do PS, 81 do PSD, 30 do PCP, 16 do CDS, 5 do MDP, 1 da UDP e 1 da Associação para a Defesa dos Interesses de Macau -, sentaram-se em São Bento figuras como Mário Soares, Sá Carneiro, Álvaro Cunhal, Freitas do Amaral e José Manuel Tengarrinha. Mas também outras como Carlos Mota Pinto, Francisco Pinto Balsemão, Helena Roseta e Marcelo Rebelo de Sousa na bancada do PSD; António Barreto, Carmelinda Pereira, Salgado Zenha, Manuel Alegre e Sophia de Mello Breyner na do PS; Jerónimo de Sousa, Miguel Urbano Tavares Rodrigues, Octávio Pato e Vital Moreira na do PCP; Adelino Amaro da Costa e Basílio Horta, na do CDS; José Manuel Tengarrinha, na do MDP, e Américo Duarte, na UDP. Estes deputados participaram nos trabalhos de elaboração da Constituição, concluídos a 2 de abril de 1976, data em que a Assembleia Constituinte foi dissolvida. Pelo meio ficaram debates memoráveis de uma período conturbado de consolidação da democracia, tão quentes quanto o verão daquele ano de 1975.
Do diário da Assembleia Constituinte, de uma sessão de 20 de novembro de 1975, é fácil perceber o calor político. Discursava o único deputado da UDP, Américo Duarte: “Se há alguma coisa de inovador, é vermos o primeiro-ministro mandar à merda dezenas e dezenas de milhares de trabalhadores.” E retorquiu o deputado do PPD Barbosa Gonçalves: “O que é que tu querias que ele dissesse quando tu e os teus lhe chamaram ditador, Pinochet e fascista?” Viviam-se os tempos do VI Governo Provisório, liderado por José Pinheiro de Azevedo.
PAULA SÁ
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APURAMENTO DO RESULTADO DAS ELEIÇÕES NO DISTRITO DE BRAGANÇA
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